Pedintes em Feira de Santana contam realidade e pedem ajuda

PEDINTES

Diante do retrovisor, procurando pelos sinais que um vidro de carro abaixe e uma mão estendida apareça, pelas calçadas, caminhando sem direção nas ruas da cidade. É esse o dia-a-dia dos moradores de rua, em Feira de Santana, que para alguns, parecem ser invisíveis, mas buscam a sobrevivência e o pão de cada dia, à sua maneira.

A reportagem do Jornal Folha do Estado viu e ouviu os pedintes da cidade para conhecer suas histórias. “Não encontrei emprego e tive que vir pedir ajuda às pessoas nas ruas, depender de quem tem pena. Sou sozinho, trabalho até conseguir o dinheiro para comer alguma coisa e vou procurar um lugar para descansar na rua”, relatou João Paulo Santos da Silva, encontrado na Rua Barão de Cotegipe, que aos 27 anos é pedinte em Feira de Santana.


Há um ano atrás, João Paulo viu na solidariedade do feirense e de quem por aqui passa, sua única forma de ter ao menos uma refeição ao dia. “É muito difícil, mas de moeda em moeda às vezes conseguimos até 20 ou 30 reais. Quando consigo, saio e busco o alimento”, disse. O que fez João Paulo e vários outros pedintes tomarem as ruas de Feira, foi a falta de emprego.

“Vim de Aracaju, Sergipe, cheio de esperança para tentar buscar emprego e oportunidades, não consegui e fiquei jogado na rua. Gostaria de voltar para minha terra, sinto muita saudade dos meus pais, meus irmãos, mas estou sem documentos para voltar para casa. Gostaria de voltar e completar meus estudos, mas infelizmente, não posso”, lamentou o jovem.

Na avenida Presidente Dutra, segurando um cartaz escrito “sinto fome”, outro jovem pedinte que preferiu não se identificar, está há 4 meses pedindo dinheiro e alimento pelas ruas da Princesa do Sertão. “Entrei nessa vida por dificuldade em encontrar emprego, ninguém ajuda e a situação só piora a cada dia”, contou o pedinte.

Este, veio de Alagoinhas, há 79,2 km de Feira, também na busca por emprego na segunda maior cidade do Estado. “Eu só tenho 21 anos e gostaria muito de uma oportunidade de emprego. Já trabalhei como ajudante de pedreiro e estou disposto a trabalhar, só assim conseguirei sair dessa situação”, pediu. Através do telefone (73) 99987-2790 ele está pronto para receber ofertas de emprego.

João Paulo Santos fez um pedido a sociedade feirense que passa por pedintes em sua rotina diária. “Ajudem as pessoas que moram nas ruas, muitas vezes quem passa, pensam que é para drogas, mas é para comer, tem famílias, se sensibilizem, olhem o lado do próximo”.

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