Saiba quantos caixões e planos funerários são vendidos em uma cidade do interior da Bahia

Reprodução - Google imagens
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Considerada um tabu na sociedade, a morte é algo que sempre causa medo na maioria das pessoas, pois o assunto em nosso cotidiano traz sentimentos negativos, como dor, tristeza e sofrimento. Mas, quando esse momento chega, um dos setores que precisa ser firme e conceder suporte às famílias, é o funerário. Com tantas perdas, seja de causa violenta ou natural, o número de prestações de serviços dessas empresas, movimentam o mercado financeiro.

Dados do Sindicato dos Cemitérios e Crematórios Particulares do Brasil (Sincep) apontam que todos os anos, o faturamento anual do segmento no país, ultrapassou os R$ 7 bilhões.
Em Conceição do Coité, região do sisal, fomos descobrir quantos planos funerais e vendas de caixões, são comercializados por mês na cidade.

O empresário Leonilson Pereira Moreira, possui 4 empreendimentos fúnebre na região, sendo um em Coité. Ele afirmou ao Caldeirão do Paulão, que na sua casa funerária, são realizados cerca de 7 velórios no município, incluindo a venda de caixões.

“Nos meus quatro comércios da região são totalizados 20 funerais neste período (mensal). As pessoas falecem de causas naturais ou até mesmo violenta. Somos experientes no ramo e temos muito cuidado com a dor do próximo”, contou.
Já no ramo de planos funerários, a qual a população paga pequenas taxas mensais para cobertura de tudo o que é preciso quando um ente querido falece; a empresa de Marcelo Silva lidera as vendas.

Segundo o proprietário de uma famosa casa funerária, mais de 20 mil pessoas possuem o plano de assistência funeral em Conceição do Coité.
Marcelo disse ainda que houve um aumento na realização dos velórios, principalmente os últimos crimes registrados no município, e comentou sobre o sentimento quando precisa executar seu trabalho.
“Realizamos de 9 a 11 funerais todos os meses! A situação é muito difícil por que existe a comoção, mas não posso chegar no local chorando, pois precisamos manter o nosso profissionalismo e fazer nosso trabalho”, explicou.

Questionado sobre o faturamento com a morte do ser humano, Marcelo afirmou que muitas funerárias abrem planos, desejando que os contratantes morram, porém ele abomina essa prática.
“Essas atitudes não fazem prosperar. Temos o serviço, por que as pessoas um dia poderão precisar, porque isso é natural da vida que todos vamos morrer um dia, mas desejar a morte, jamais! Quem não tem amor, não tem como seguir nessa profissão”, desabafou.

Presenciando ao longo dos anos várias situações, Marcelo relembrou um dos momentos mais marcantes durante a realização do serviço.
“Fizemos um funeral onde morreram 7 pessoas, incluindo uma criança. Essa foi uma das situações que me machucaram bastante. Eu e minha equipe fomos fortes e concluímos a missão de oferecer um trabalho com capricho e dignidade”, finaliza.


Dá medo arrumar cadáver?

Léo garante que não possui esse sentimento nos dias atuais, mas o início da carreira foi bastante tenso.

Nos primeiros anos, o rapaz ficou no papel de arrumar e maquiar o cadáver para ser colocado no caixão.

“Teve uma situação que o idoso faleceu e cheguei com o colega numa zona rural para fazer os procedimentos. Pedi que a família se retirasse para iniciarmos o processo, porém acabamos esquecendo alguns materiais. Meu colega precisou ir buscar e tive que ficar sozinho com o falecido que estava sentado de olhos abertos na cadeira. Parecia que estava me observando. Senti tanto medo que fiquei com a cabeça baixa, até o jovem que trabalhava comigo chegar. Foi tenso!” relembra.

O empresário citou ainda o caso de uma idosa que sofreu um incidente mesmo após a morte.

“Deixamos tudo nos conformes para a família velar essa mulher. Colocamos as velas na parte de trás do caixão e alguém acabou derrubando. Com isso, fomos embora e recebemos a ligação que o véu que estava no caixão da senhora, pegou fogo e atingiu o cabelo e face dela. Tivemos que voltar rapidamente, e encontramos os parentes desperados. Foi bem angustiante a cena”, disse.

Hoje o dono das três funerárias entende que o momento foi uma fase de adaptação.

“Tudo passa! Por isso não tenho medo de morrer. A funerária me mostrou como a vida é tão frágil! Tem gente que está bem e no outro dia acaba morrendo. Portanto, as vivências do meu trabalho, faz valorizar tudo que há de bom, especialmente está ao lado da minha família.

Redação

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