Homens-aranha trocam escritório pelas ruas e conquistam milhões de seguidores

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Se no mundo dos quadrinhos e dos cinemas a identidade de Peter Parker sempre foi envolvida em muito mistério, em Curitiba, a história do Homem-Aranha segue na direção oposta. Aliás, homens-aranha.

Rafael Britto e Alex Russo não se escondem por baixo das máscaras e são, para mais de 7 milhões de seguidores, Spider Britto e Spider Russo, amigos que moram na capital paranaense e que explodiram nas redes fazendo vídeos de parkour em locais inusitados, incluindo pontos turísticos.

“Deu super certo. Pra nós que fazemos parkour há anos, essas acrobacias, é como se a gente entrasse no personagem. Conectou muito bem com o nosso trabalho”, lembra Russo.

O parkour é uma prática que consiste em usar o corpo para se deslocar de um ponto a outro, da maneira mais rápida possível, normalmente usando cenários poucos convencionais, como muros e árvores. São saltos, mortais e cambalhotas que não passam despercebidos aos olhos de crianças e adultos.

Britto e Russo ficaram amigos, justamente, pela admiração ao parkour.

Russo, à esquerda, e Britto, à direita — Foto: Divulgação

Russo, à esquerda, e Britto, à direita — Foto: Divulgação

Ambos trabalhavam com carteira assinada até meados de 2018, mas, com o tempo, começaram a ter interesse em sair do corporativismo e investirem no esporte. Os dois ainda não sabiam, mas neste momento se desenhava o início da carreira de influenciadores digitais.

“Eu estava trabalhando em uma assessoria de cobrança. O Russo estava no mesmo esquema, mas em um cargo superior. Eu estava lendo um livro e pensei ‘cara, o que eu estou fazendo com a minha vida?’. Nisso eu tive a ideia vender doce na rua, no semáforo. E neste mesmo tempo, o Russo estava com a mesma ideia. Isso sem a gente nem ter conversado”, explicou Britto.

Multiverso curitibano

Com a ideia na cabeça e determinação para correrem atrás, a entrada dos novos homens-aranha em cena foi uma questão de tempo.

Às vezes, amigos se juntam na brincadeira e se fantasiam com Britto e Russo, aumentando o multiverso-aranha.

Britto explica que eles sempre gostaram da história do Homem-Aranha e, pela similaridade dos movimentos do parkour com os do personagem, aderir à fantasia foi inevitável.

Da vida nos escritórios, eles migraram para as ruas como artistas e, nos semáforos de Curitiba, passaram a vender doces e fazer acrobacias.

Os dois lembram que em três horas de trabalho no trânsito, começaram a receber mais do que em uma semana dentro dos escritórios. Foi aqui que começou, também, a produção de vídeos.

“Imagina. Se você trabalhava cinco horas ali, você tirava o que você ganharia na semana dentro de um escritório. Aí nós fomos fazendo isso e também gravando vídeos”.

Com o tempo, as produções de Spider Britto e Spider Russo chamaram a atenção da plataforma TikTok, que buscava espaço no mercado brasileiro. Por intermédio de um amigo, ambos conseguiram contrato com a empresa para a criação de vídeos diários.

Spider Britto e Spider Russo gravam, fantasiados, vídeos em locais públicos de Curitiba — Foto: Arquivo pessoal/Rafael Britto

Spider Britto e Spider Russo gravam, fantasiados, vídeos em locais públicos de Curitiba — Foto: Arquivo pessoal/Rafael Britto

Desde o início, as produções atingiam milhões de visualizações.

Com o crescimento da plataforma e adesão de celebridades ao formato, Britto conta que o contrato com a empresa acabou depois de alguns meses, mas os amigos continuaram investindo nas produções audiovisuais.

Novas parcerias surgiram e eles passaram a monetizar não só com visualizações de vídeos, mas também com contratos de publicidade.

Na pandemia, Russo chegou a fazer uma pausa na atuação exclusiva aos vídeos e voltou ao mercado com carteira assinada, mas, em pouco tempo, concluiu que a carreira de influenciador era mais promissora.

“Uma hora percebemos que a gente conseguia viver disso e viver muito bem. Eu consegui meu primeiro contrato de vídeo com o aplicativo Kwai, o Britto já estava estabilizado. Eu gravava só de uma a três horas por semana, e trabalhava CLT todos os dias praticamente. E teve uma hora que a renda dos meus vídeos encostou no meu salário, foi a hora que eu decidi sair de novo. Eu vi que podia me dedicar mais aos vídeos e fazer dar certo”, detalhou Russo.

Para além do personagem

Apesar de terem explodido nas redes como homens-aranha e manterem a alcunha do personagem em seus perfis, os dois amigos possuem vídeos sem fantasia que também ultrapassam milhões de visualizações.

Segundo a dupla, a alta repercussão dos vídeos garantiu a Spider Britto o título de profissional de parkour mais seguido do Brasil quando somadas todas as redes em que publica atualmente.

Só no TikTok, Spider Britto tem mais de 3,5 milhões de seguidores e mais de 23 milhões de curtidas. Russo, somando todas as plataformas em que atua, soma mais de 1 milhão de seguidores.

“A nossa edição não é complicada, na verdade é bem rápida. Aprendemos a fazer chamadas, vídeos narrados, tudo isso ajuda nas visualizações. Isso que nós fazemos de ficar brincando com crianças, a gente tem muita facilidade, fazer gracinha, vem de antes dos vídeos e hoje, gravando, funciona muito bem”, detalha Britto.

O que começou como alternativa de renda, se tornou profissão e hobby, simultaneamente.

A diversão no que fazem hoje, inclusive, teve registro nas salas de cinema da capital, onde marcaram presença para assistir ao filme Homem-Aranha: Sem Volta para Casa, produção mais recente dos Estúdios Marvel.

Britto e Russo em uma das sessões de Homem-Aranha: Sem Volta para Casa — Foto: Arquivo pessoal/Rafael Britto

Britto e Russo em uma das sessões de Homem-Aranha: Sem Volta para Casa — Foto: Arquivo pessoal/Rafael Britto

“Nós fomos animar todo mundo lá. Foram umas sete sessões que nós participamos fantasiados, junto com alguns amigos. Mas fomos para assistir também. Pra mim, foi o melhor filme da Marvel”, finaliza Britto.

Informações: G1

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