Estudo da Fiocruz indica que volta às aulas pode atingir mais de 570 mil do grupo de risco da covid-19 na Bahia

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Em estudo realizado pelo Laboratório de Informação do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), indicou que a volta às aulas pode colocar em risco 573.326 pessoas que fazem parte do grupo de risco da covid-19 na Bahia. A Fundação alerta que a retomada das aulas para estas pessoas pode representar um perigo a mais, pois moram com crianças e adolescentes em idade escolar e possuem diabetes, doença do coração e/ou doença do pulmão.

De acordo com o estudo, cerca de 9,3 milhões de brasileiros (4,4% da população total) que pertencem a grupos de risco podem ser atingidos. A Bahia é a quarta Unidade Federativa (UF) com maior número absoluto de pessoas que fazem parte de grupos de risco e que vivem com crianças e adolescentes em casa.

“A volta às aulas pode representar uma perigosa brecha nesse isolamento. Nós estimamos, no estudo, que se apenas 10% dessa população de adultos com fatores de risco e idosos que vivem com crianças em idade escolar vierem a precisar de cuidados intensivos, isso representará cerca de 900 mil pessoas na fila das UTIs. Além disso, se aplicarmos a taxa de letalidade brasileira nesse cenário, falaremos de algo como 35 mil novos óbitos, somente entre esses grupos de risco”, afirma o epidemiologista do Icict/Fiocruz, Diego Xavier, que participou do estudo.

As cinco UF’s com maior número de pessoas que podem ser atingidas: 

São Paulo: 2.085.949
Minas Gerais: 1.025.518
Rio de Janeiro: 600.716
Bahia: 573.326
Pernambuco: 546.279

“Em um cenário otimista, se 10% dessa população de adultos com fatores de risco e idosos que vivem com crianças em idade escolar necessitarem de cuidados intensivos serão cerca de 900 mil pessoas necessitando de UTI, se tomarmos como referência a taxa de letalidade observada no país isso pode representar 35 mil óbitos somente nessa população […] Retomar as aulas sem considerar a complexidade dessa medida para a somente nos alunos é movimento arriscado, pois para estas pessoas que vivem com crianças em idade escolar não será mais possível adotar o ‘fique em casa'”, alerta o estudo.

O estudo ressalta que é  conhecida a importância dos idosos como cuidadores das crianças no Brasil para que os responsáveis possam trabalhar e alerta para o risco que a interação com as crianças pode causar.

“O grupo de crianças e adolescentes contribui com 2,5% dos casos de Covid-19, sendo poucos os óbitos observados. Adultos jovens (de 20 a 59 anos) foi o grupo de maior número de casos (74,3%). Por outro lado, os idosos (mais de 60 anos) correspondem a 23,3% dos casos e 75,5% dos óbitos. O aumento do contato entre estes grupos pode facilitar a transmissão do vírus e colocar sob risco grupos de maior vulnerabilidade, como portadores de doenças crônicas e idosos”, detalha o estudo.

Origem dos números:

A Fiocruz explica que a quantidade de pessoas que pode passar a se expor ao novo coronavírus foi calculada por análise da Fundação feita com base na Pesquisa Nacional de Saúde (PNS 2013), que foi realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em parceria com o Laboratório de Informação em Saúde (LIS) da Fiocruz.

Pesquisadores do Instituto de Comunicação e Informação em Saúde (Icict/Fiocruz) analisaram dados da PNS 2013 sobre dois grupos populacionais que se encontram nos chamados grupos de risco da covid-19: os adultos com idade entre 18 e 59 anos que têm diabetes, doença do coração ou doença do pulmão, e os idosos (com 60 ou mais anos). Em seguida, cruzou os dados para verificar quantos desses dois grupos residem em domicílio com pelo menos um menor entre 3 e 17 anos, ou seja, em idade escolar.

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