A sexualidade da mulher madura

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Hoje em dia, nós, mulheres, podemos viver um terço de nossas vidas no período pós-menopausa, fase na qual o ambiente hormonal é diferente, o que acarreta mudanças em várias questões: física, orgânica, psicológica e, inclusive, na sexualidade. A compreensão sobre a saúde sexual nesta fase significa um passo importante para entendermos as razões das mudanças e nos adaptarmos a elas, que em muitos casos são positivas já que nesta fase em geral nossa vida é mais estável, os filhos cresceram, amadurecemos em todos os sentidos, e na questão da sexualidade não é diferente.

No ser humano, a vida sexual, para além da questão reprodutiva, desperta prazer e afetividade; tanto homens como mulheres sentem-se valorizados quando seu desejo se encontra em atividade, em qualquer fase da vida. O prazer sexual é uma força vital. Temos hoje conhecimento suficiente e recursos disponíveis para ajudar as mulheres a se adaptarem a estas mudanças, mas infelizmente muitos profissionais de saúde não abordam as questões da esfera sexual, que fazem parte da saúde feminina em qualquer idade.

Um estudo analisou especificamente se e como as mulheres procuram ajuda de profissionais para seus problemas sexuais. Envolvendo mais de 3 mil mulheres em diferentes idades com queixas preocupantes de desejo sexual, excitação e/ou orgasmo, o estudo evidenciou que apenas um terço dessas mulheres procurou ajuda profissional para seu problema sexual. Outro dado importante é que, dentre estas, 80% foram as mulheres, e não o profissional de saúde, que abordaram o problema. Existe, sem a menor dúvida, negligência do sistema de saúde para com a sexualidade feminina.

Os sintomas mais comuns são as dificuldades nas fases de desejo, excitação e de atingir orgasmo, o ressecamento vaginal e dor à penetração causados pela atrofia. Outras questões importantes também se referem ao parceiro que também enfrenta problemas de manutenção da ereção e controle da ejaculação.

Além das questões diretamente relacionadas à sexualidade, outras devem ser analisadas e corrigidas pois comprometem a qualidade de vida, tais como incontinência urinária, ondas de calor, doenças crônicas, insônia, fadiga, alterações de humor, autoestima baixa, síndrome do “ninho vazio”, problemas de relacionamento conjugal etc.

Temos hoje um leque extenso de estratégias e tratamentos para que nós, mulheres, nos adaptemos melhor a esta nova realidade: estes incluem desde exercícios físicos diários e alimentação saudável, cuidados com a saúde mental, aconselhamento sexual com ou sem seu parceiro até tratamento hormonal que pode ser utilizado em baixas doses, por um período de tempo determinado, observando sempre contraindicações e riscos e utilizando-os com responsabilidade. Os hormônios podem ser usados por várias vias, oral, transdérmica, injetáveis, implantes subcutâneos e dispositivos intrauterinos; importante também a reposição tópica através do uso de cremes vaginais com hormônios.

Para o tratamento da diminuição de hormônios vaginais, que causa o ressecamento e dor nas relações sexuais, além do creme vaginal com estrógeno, hoje podemos contar com procedimentos como o laser e a radiofrequência que induzem a produção de colágeno na vulva e vagina devolvendo elasticidade, lubrificação e proteção local. As reposições hormonais, que já foram condenadas por um tempo e usadas sem critérios em outros tempos, passou por uma transformação. Hoje temos tratamentos eficazes, mas que devem ser sempre discutidos individualmente com os médicos.

O importante é que as mulheres na fase do climatério estejam cientes sobre as mudanças e soluções possíveis. Consulte seu médico, reitero aqui, para que esta seja mais uma fase importante da vida que merece e tem de ser vivida com plenitude.

Informações; O Globo

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