UnB desenvolve e registra camisinha com látex à prova de alergia

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Universidade de Brasília (UnB) desenvolveu um protótipo de camisinha que pode ser usada por quem tem alergia a látex. Já patenteada, a iniciativa tem potencial para ajudar quem sofre de restrição à borracha.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que, em todo o mundo, cerca de 145 milhões de pessoas têm alergia ou hipersensibilidade ao látex. Atualmente, esse grupo precisa recorrer a preservativos de borracha sintética, como o poliisopreno.

Há, ainda, outro benefício. Testes preliminares em um laboratório da Inglaterra indicam que, com a mesma espessura de um preservativo comum, a tecnologia brasiliense foi capaz de dobrar a resistência do produto.

Isso evita que o material estoure com facilidade – um dos principais problemas envolvendo o método contraceptivo.

Com a palavra, a ciência

Para impedir o efeito alérgico, o látex é misturado ao tanino – extraído da casca de acácias, uma árvore encontrada principalmente no Rio Grande do Sul.

A substância já é conhecida por quem trabalha com curtume. Ela é utilizada para transformar a pele de animais em couro porque age isolando as proteínas de colágeno, impedindo a decomposição do tecido.

A ação é semelhante na borracha antialérgica, explica o professor Floriano Pastore Júnior, que lidera a pesquisa no Instituto de Química (IQ). O tanino serve para bloquear as proteínas que envolvem as partículas de látex.

É o contato dessas proteínas com o corpo da pessoa que provoca as reações alérgicas. Com o tanino, as proteínas encobertas continuam lá, inativas, e não produzem efeitos colaterais.

O professor estuda borracha há quase quatro décadas, mas a ideia de investir no preservativo hipoalergênico surgiu há cinco anos. “Quis levar a pesquisa para a área vegetal. Afinal de contas, se são as proteínas os alergênicos, por que não bloqueá-las?”, relembra.

“Adicionar tanino não piora a qualidade. Pelo contrário. Em 50 anos de pesquisa, o mundo inteiro trabalhou para retirar as proteínas. Mas quando isso acontecia, tirava também a resistência do material [ficava muito aquoso]”, diz Pastore.

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