Tenente-coronel do 16° Batalhão da Policia Militar em Serrinha comenta casos de feminicídio e violência contra mulher em Conceição do Coité

coronel macedo

Após os últimos acontecimentos referente aos crimes ocorridos em Conceição do Coité, região sisaleira, o Tenente-Coronel PM, Antônio Batista de Macedo Júnior, do 16° Batalhão da Policia Militar localizado em Serrinha, concedeu entrevista a jornalista Rafaela Rodrigues  na manhã desta terça-feira (07).

Inicialmente, foi questionado sobre os índices de criminalidade na região do sisal, totalizando 13 cidades comandadas pelo Coronel. Ele afirmou que a redução dos crimes ocorridos em Coité foi significativa, no segundo semestre de 2023.

“Reduzimos quase oitenta por cento os homicídios em Coité, onde tivemos apenas dois assassinatos, sendo que um deles foi cometido em um outro local e o corpo deixado na nossa área, em uma divisa da cidade”, relata.

Durante o bate-papo, o Tenente Coronel informou ainda sobre as questões referente aos casos de feminicídios e as ocorrências referentes à Lei Maria da Penha.

Macedo relatou ainda sobre o número de policiais em Coité e quantidade de viaturas que trabalham no município.

Confira a entrevista:

CP: Referente aos casos que envolvem a Lei Maria da Penha, o que a Policia Militar tem a falar sobre o assunto?

Coronel: Nós temos algumas situações envolvendo o feminicídio na cidade de Coité. Tivemos dois casos que é algo que saiu da curva. A partir disso, nós estamos atuando com a nossa equipe da Ronda Maria da Penha, para reforçar a conscientização de que mulher não deve ser objeto de ninguém.
CP: Se existe essa intensificação, por qual motivo os casos de violência contra a mulher continuam aumentando na cidade? Onde estaria a suposta falha?
Coronel: Na verdade a falha acontece dentro da família, né? Porque eu fui criado da forma que em mulher não se bate nem com a flor. A Segurança Pública não é feita só com a Polícia Militar, ela é composta por todos. Portanto, temos que conscientizar e mostrar aos nossos filhos, principalmente aqueles do sexo masculino, que mulher não se bate. Reafirmo, não somente a Polícia Militar ou a Polícia Civil que deve atuar, mas sim, toda a sociedade, incluindo parte social, a Secretaria Social dos municípios.

CP: Então o senhor acredita que apenas com a ajuda das famílias, o índice de violência contra mulher diminuiria na região?

Coronel: Com ajuda das famílias, iria ajudar. Não gosto de extremos e nem generalizar ao falar que resolveria, mas é uma boa parte. Citamos também a situação dos paredões em Coité, onde existia paredões com músicas denegrindo a imagem da mulher e quando nós chegamos aqui, nós atacamos para diminuir.
Esse trabalho não é algo que deve ser feito só pela polícia! O alvará de funcionamento desses paredões não deveria existir, uma vez que ele não passa nem pela Lei do Código de Trânsito Brasileiro, bem como infringe a lei da perturbação do sossego, o Art.42 da Lei de Contravenção Penal e o Art.52 dos Crimes Ambientais.
Então, algo tem que ser feito de maneira abrangente, onde toda a sociedade tem que estar junta. Hoje tudo que acontece o pessoal gosta de atribuir à Polícia Militar e não é assim. Nós temos que ter um conjunto de órgãos atuando. Eu sou pago pelo Estado, é de onde vem esse meu salário, dos impostos, então o servidor público e o servidor político, ele tem que se dedicar ao máximo, para a paz social e para a melhoria da sociedade. Nó devemos estender tapete vermelho para as pessoas de bem e do bem, do nosso sertão e, principalmente, da nossa querida cidade de Conceição do Coité.

CP- O senhor acha que o efetivo é suficiente para atender a alta demanda de casos que se enquadram na Lei Maria da Penha?

Coronel: O cidadão, se possível, ele queria um policial em cada esquina. As necessidades são ilimitadas, mas os recursos escassos. O governo está investindo, onde nós temos agora a formação de mil e seiscentos policiais. O Governo do Estado já começou na época do nosso atual Ministro da Casa Civil- Rui Costa- investindo em educação, onde nós temos os Colégios de Tempo Integral, criação de unidades, onde o exemplo, o 16º Batalhão foi criado, bem como foi colocado no projeto, a construção de uma piscina e uma quadra esportiva para trazer a comunidade para os quartéis, uma vez que na nossa região do sisal, será a primeira piscina semi-olímpica da região.

PM: Quantos casos o senhor tem conhecimento de mulheres com medida protetiva na região ?

Coronel: Eu não sei quantificar exatamente quantos e quantas pessoas têm medida protetiva em Coité. Entretanto, na nossa área de atuação nos treze municípios temos 180 mulheres assistidas, e constantemente entra uma assistida e sai outra assistida. Mas para ter ciência, com relação ao último feminicídio que teve em Coité, infelizmente a vítima não quis prestar queixa em relação ao réu agressor que chegou a ser detido pela Polícia Civil, e posteriormente, ao sair da Delegacia, ele cometeu o feminicídio.

A Polícia Militar foi acionada, e eu acionei nesse dia, só em Coité, o direcionamento de sete viaturas da PM, onde conseguimos prender o acusado do feminicídio, e ele vai pagar e tem que pagar com a pena máxima. Porque é inadmissível você tirar a vida de uma pessoa e, principalmente, de uma mulher.

CP: Quantas viaturas estão à disposição de Conceição do Coité?

Coronel: Temos, no mínimo, três viaturas atuando. Temos uma base em Salgadália, temos outra na sede e implantamos também uma CETO – Companhia de Emprego Tático Operacional em Retirolândia, que cobre também a área de Coité. Aos fins de semana, ainda colocamos um efetivo extra de policiais e atuamos com a Ronda Maria da Penha, por conta desse aumento de casos de crime contra a mulher.

CP O senhor acha que a quantidade de viaturas é o suficiente para o município?

Coronel: Na verdade, nós não temos uma viatura fixa na sede.
Na sede, nós temos uma viatura da companhia e outra da CETO, onde a guarnição anda com armamento pesado. Independente disso, não é a quantidade e sim a qualidade que importa. Primamos pela qualidade!

Damos instrução aos policiais e o exemplo típico, é que nós conseguimos reduzir a quantidade de homicídios na cidade de Coité, bem como reduzimos de maneira significativa o tráfico de drogas naquela região. Conseguimos, através do nosso pessoal de inteligência e a Polícia Civil, prender indivíduo que efetuava crimes na região, tão logo quando assumir o Batalhão.

CP: Diante das situações ocorridas no cenário atual, qual o conselho que o senhor daria a população?

Coronel: Todas as minhas entrevistas eu digo que você, mãe/pai, verifique onde estão seus filhos.

Porque os nossos filhos serão o futuro de Coité, da região do sisal, da Bahia e do Brasil. Portanto, temos que ter cuidado e verificar o que estão fazendo e seguir aquele ditado: “Me diga com quem tu andas que eu que eu digo quem você é” ou “Quem anda com porcos, farelo come”.

Redação com informações da jornalista Rafaela Rodrigues

Foto: Ascom/16° BPMB

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