Paciente com suspeita de dengue não consegue regulação e morre na policlínica do bairro Tomba

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Depois de quatro dias internado no Centro de Saúde Osvaldo Monteiro Pirajá (Policlínica do Tomba), Raimundo Santos de Jesus, 49 anos, que residia no conjunto Fraternidade, faleceu por volta das 8h desta sexta-feira (12). De acordo com a direção da policlínica, ele estava na unidade de saúde em observação, aguardando transferência para o Hospital Geral Clériston Andrade (HGCA), com suspeita de dengue hemorrágica.

O coordenador da policlínica, José Pires Leal, informou que o paciente chegou na segunda-feira pela manhã, foi acolhido e constatou-se, através de exames laboratoriais e de imagens, de que ele estava com suspeita de dengue hemorrágica. “Ainda no mesmo dia que chegou, as plaquetas baixaram demais e fizemos um relatório de transferência, que foi encaminhado ao Clériston, e um médico daquela unidade negou atendimento, alegando que o hospital estava lotado”, afirmou.

Segundo José Pires Leal, a situação do paciente agravou-se e foi feito um novo relatório de transferência e encaminhado por fax ao HGCA, que novamente não aceitou recebê-lo. De acordo com o coordenador, ao todo foram encaminhados oito relatórios de transferência, sendo todos negados e na manhã de hoje o paciente veio a óbito.

“Não há sensibilidade da rede hospitalar estadual, que não entende que trata-se de seres humanos, que ficam dentro de uma policlínica, que não é unidade destinada à internação de pacientes”, informou Leal. Na opinião dele, essa atitude é desumana e que por diversas vezes alertou o setor de regulação do Clériston que a situação do paciente era grave e que ninguém resolveu o problema.

“Disseram que não tem vagas, mas não é dessa maneira que se trabalha. Quando não há vagas eles são obrigados a fazer a transferência e conseguir vaga em qualquer unidade de saúde da Bahia”, observa Leal. Ele lembra que é obrigação do estado oferecer saúde de qualidade à população.

Na opinião de José Pires Leal, o paciente só morreu por falha no setor de regulação do Clériston Andrade. “Isso nos deixa bastante chateados, pois trata-se de um ser humano, que poderia ter sua vida preservada e acabou morrendo porque foi negada a internação”, disse.

O diretor do Hospital geral Clériston Andrade, José Carlos Pitangueira, contesta as informações dadas pelo coordenador da policlínica, José Pires Leal. Segundo ele, realmente o hospital não tem vagas, mas que a transferência de um paciente de uma unidade de saúde da prefeitura é de responsabilidade da central municipal de regulação e não do Clériston.

Ele informou também que a regulação do Clériston não recebeu o paciente, pois não havia comprovação através de exames laboratoriais de que ele realmente estava com dengue hemorrágica. José Carlos Pitangueira também questionou o porquê do paciente não ter sido levado para outras unidades de saúde, como por exemplo, o Hospital Dom Pedro de Alcântara (HDPA) ou a Casa de Saúde Santana, que são unidades conveniadas com o Sistema Único de Saúde (SUS).

Daniela Cardoso e Ney Silva

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