Micale condena cobranças e diz que situação do futebol masculino não está fácil

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O treinador da seleção olímpica de futebol masculino, Rogério Micale, condenou hoje (9), em Salvador, a cobrança de resultados dos jovens jogadores que compõem a equipe e admitiu que não está fácil a situação atual, após os dois empates sem gols com a África do Sul e com o Iraque.

Micale disse que é preciso tratar a situação de uma maneira diferente para não prejudicar o futuro do futebol brasileiro. “O imediatismo que estamos querendo dos jogadores está nos levando a uma situação que me preocupa como formador, como alguém que trabalha com jovens há muitos anos. Estamos sendo implacáveis, e essa conta vai cobrar um preço, já vem cobrando. Se não refletirmos e avaliarmos, podemos ter uma dificuldade maior no futuro”, afirmou.

De acordo com o técnico, é preciso ser muito frio neste momento para avaliar e continuar servindo ao país com a formação de jogadores com potencial. Ele ressaltou que, diante da falta de tempo para treinamentos, procura analisar os resultados em reuniões com a equipe, que costumam ocorrer com frequência após osjogos. Nesses encontros, são avaliados os pontos que podem ser melhorados e a pressão que vem de fora. Micale criticou também as discussões que surgem com derrotas ou escolhas para a seleção. Enquanto houver preocupado com tarja de capitão, comportamentos pessoais e situações internas de relacionamento, as discussões que interessam para entender o que realmente está acontecendo com o futebol brasileiro, principalmente no setor tático e comportamental, a situação vai continuar na mesmice de sempre.

“Continuamos querendo achar cabeças, querendo achar culpados, e esse é um grande mal”, afirmou Micale. Ele disse que respeita o trabalho dos jornalistas, mas defendeu uma discussão mais aprofundada, e não ser tão superficial em pontos que não agregam nada em situação de jogo e comportamento dentro campo. “Perde-se muito tempo com isso, a todo momento, o que só traz desgastes para todos os lados”, afirmou. O técnico destacou ainda que é preciso parar de “buscar violões, de cortar cabeças”. Micale lembrou que a Alemanha levou 20 anos para se preparar e melhorar o futebol, enquanto no Brasil a cobrança é para que isso ocorra em seis meses.

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