Menos ‘decoreba’ e texto longo? O que esperar de provas do Concurso Público Nacional Unificado o ‘Enem dos concursos’

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O Concurso Público Nacional Unificado (CPNU), ou “Enem dos concursos”, está sendo organizado pela Fundação Cesgranrio. Entre outras funções, a instituição é responsável por elaborar as questões das provas que serão aplicadas em 5 de maio.

Por isso, é importante que os candidatos conheçam o perfil dessa banca organizadora. É uma forma de “prever, mais ou menos, os assuntos que serão cobrados”, explica o professor Bruno Bezerra, do Estratégia Concursos.

Fundada há mais de 50 anos, a Cesgranrio é uma banca tradicional responsável por grandes concursos nacionais, incluindo o da Caixa, que também está marcado para maio.

Assim, por mais que o concurso unificado esteja em sua primeira edição, especialistas afirmam que os candidatos podem (e devem) se preparar para a prova com base em exames anteriores elaborados pela Cesgranrio.

O estilo da banca

No geral, os professores dizem que as provas da banca têm nível de dificuldade médio e cobram assuntos de forma direta.

Apesar disso, espera-se uma mudança no perfil das questões do concurso unificado, já que o Ministério da Gestão, órgão federal responsável pela iniciativa, pediu uma prova mais interpretativa e menos “decoreba”, segundo especialistas (leia mais abaixo).

Além das questões, a Cesgranrio é responsável pelo sistema de inscrições, pela impressão e distribuição dos cadernos de prova, pela correção e divulgação dos resultados.

Questionada pelo g1, a fundação disse que o “corpo técnico de funcionários é responsável pela gestão de todas as etapas dos concursos públicos”, mas não divulgou detalhes sobre os membros envolvidos e o processo de elaboração das questões das provas.

O que esperar da prova?

📝 ESTRUTURA – No “Enem dos concursos”, candidatos a cargos de nível superior deverão responder a 70 questões de múltipla escolha, de conhecimentos gerais e específicos, e a uma pergunta dissertativa. No caso das vagas de nível médio, são 60 questões objetivas e uma redação.

Serão oito provas diferentes, uma para cada bloco temático (área de atuação) nos quais os candidatos podiam se inscrever.

Nas provas da Cesgranrio, cada questão de múltipla escolha tem cinco alternativas (‘a’, ‘b’, ‘c’, ‘d’ e ‘e’).

Outras bancas tradicionais de concurso costumam fazer diferente, elaborando questões com quatro alternativas ou afirmações para o candidato julgá-las certas ou erradas, como o Cebraspe.

Vale a pena “chutar”? No concurso unificado, é importante que o candidato responda a todas as perguntas, mesmo que não saiba a alternativa correta, afirma o especialista Mateus Andrade, fundador da Brabo Concursos.

Isso porque, ao contrário do que acontece em provas de outras bancas tradicionais, ou dependendo do sistema de correção, o candidato não vai perder pontos por “chutar” questões nesse exame.

📚 O QUE VAI CAIR? – Em relação aos conteúdos, as disciplinas que serão cobradas nas oito provas estão disponíveis nos editais (veja aqui).

De forma geral, é o órgão responsável pelo concurso, no caso o Ministério da Gestão, que define os temas, e a banca elabora as questões a partir dele, explica Andrade.

“O ministério já deu declarações de que não quer uma prova que avalie somente a capacidade de memorização do candidato. Eles querem analisar a capacidade analítica, outras habilidades cognitivas, então espera-se que a Cesgranrio tenha que se reinventar para elaborar questões nesse estilo”, afirma o professor Bezerra, que dá aulas de legislação tributária.

Para Mateus Andrade, no entanto, “é pouco provável que a banca vá sair muito do que está acostumada”.

“Alguns temas exigem que a pessoa saiba exatamente o que está na lei, na constituição, então a questão pode até ter textos mais longos, pedir mais interpretação, mas dificilmente vai fugir do conceito básico”, opina.

“Eu não inovaria na preparação para a prova só por causa disso. Por exemplo, não decorar prazos de leis porque não vai ser tão ‘decoreba’. Isso sempre é cobrado”, acrescenta.

Bruno Bezerra, do Estratégia Concursos, também alerta para a possibilidade de questões com textos mais longos, que criam situações hipotéticas para que o candidato interprete e aplique o conhecimento.

“Em concursos no geral, os textos não são tão longos como no Enem tradicional, mas a gente tem percebido um aumento na quantidade de palavras a cada nova prova que sai”, completa Andrade.

👨‍💻 PREPARE-SE! – Para o especialista, o candidato também precisa estar preparado para um aumento no nível de dificuldade das questões, em relação a concursos anteriores da banca.

“Os examinadores estão criando mais armadilhas, questões mais bem elaboradas, porque, assim como os candidatos hoje têm ferramentas melhores para se preparar para os concursos, as bancas também têm para elaborá-los”, afirma Andrade.

Entre as dicas de preparação, Bruno Bezerra explicou que, além de fazer provas anteriores da Cesgranrio, vale a pena estudar a partir de questões de outras bancas, como Cebraspe, FGV, Carlos Chagas e Vunesp.

Segundo ele, essas instituições estão acostumadas a exigir capacidade de análise e interpretação.

“Então, o candidato, quando estiver estudando, não pode simplesmente tentar memorizar os assuntos. Ele precisa buscar compreender”, ensina.

Outra orientação importante é treinar para o tempo de realização do exame, principalmente tendo em vista a possibilidade de questões com textos longos.

“Não pode perder tempo no início da prova com questões difíceis. Dá uma lida e deixa para o final, se não vai se atrapalhar e acabar tendo que chutar questões no final que poderiam ser fáceis”, orienta Bezerra.

A Gazeta

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