MC Rick amplia território na ponte BH-SP e se firma como novo ídolo do funk do Brasil

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Se Belo Horizonte virou a maior fonte de hits e de criatividade no funk brasileiro, boa parte dessa reviravolta foi puxada pela voz áspera do MC Rick

Erick Warley de Oliveira Rodrigues, 20 anos, nunca passa batido. É difícil não notar a força de sua voz e dos versos com temas sexuais – o tema é livre e solto nas letras de BH.

Ele já dominava a cena de sua cidade aos gritos de “BH é quem? BH é nós”. Hoje ele vai mais longe: fechou em 2020 contrato com a GR6, uma das duas maiores produtoras de São Paulo, e se consolida como ídolo nacional.

O podcast g1 ouviu contou a história do som “brisado” do funk mineiro e de seus novos ídolos, como o MC Rick.

Rick canta desde os 12 anos e produz desde cedo, apadrinhado por Delano. O início foi no Morro do Papagaio, na Zona Sul de BH. O pequeno Rick emplacou “Sarrou, gostou”, com produção do seu mentor, em 2014.

“Comecei na música na época de escola, eu ficava rimando com os meninos. O DJ da rua falou para deixar as músicas no estúdio. Mas os DJ não me davam muita atenção. Tinha que pagar mil, mil e quinhentos reais para produzir.”

O som ainda não era tão distinto e a voz não tinha a marca do Rick. Mas ele já era ligeiro e aprendeu com o Delano a fazer as batidas no computador. MC Rick levou três anos para emplacar outra música. E também demorou a achar sua voz depois da fase mirim.

“Minha voz foi mudando, eu estava começando a desafinar as melodias. Fiz aula de canto, mas eu não gostava. Aí comecei a descobrir meu pique, fui apropriando para um jeito que ficava bom. Cheguei nesse pique reto”.

Trabalho ‘cabuloso’

MC Rick no clipe de 'Nada vai mudar', da Doug Filmes — Foto: Divulgação

MC Rick no clipe de ‘Nada vai mudar’, da Doug Filmes — Foto: Divulgação

“Minha mãe era faxineira e meu pai era manobrista e trabalhava na rodoviária. Quando estourei a primeira música, meu pai foi trabalhar comigo. Quando demorei a estourar outra, comecei a trabalhar ‘cabuloso’. Ficava só no estúdio produzindo músicas minhas e dos outros”. Até que ele achou o jeito de novo.

Rick diz que ouviu muito rap até achar a levada de hits como “Nada vai mudar” e “Quebra quebra menozada”. Apesar de agressivo, o vocal não é duro. Em música como “Mec mec”, como se fosse um João Gilberto funkeiro, ele adianta e acelera os versos e desliza no ritmo.

Rick fez uma boa parceria com a voz mais suave do conterrâneo MC Zaquin. Eles gravaram “Não Nasceu Pra Namorar”, funk mais tocado do Brasil em agosto.

Em 2020, Rick tomou uma decisão que, segundo ele, foi importante para a carreira: recusou o convite de sua produtora, a GR6, para ir morar em São Paulo.

“Eles me chamaram para morar lá. Iam me dar casa lá no início de 2020. Mas eu preferi ficar, porque senão vou ficar por fora do funk daqui. Acho que foi uma boa escolha. Porque o funk de BH hoje está grande. Se eu estivesse lá hoje, estaria perdidinho”, diz Rick.

Mas ele segue ativo na ponte. Rick gravou e está lançando músicas de um EP feito em parceria com o DJ mineiro Wesley Gonzaga, que também entrou para a GR6, e o paulistano Pedrinho.

Outro efeito do sucesso é o impacto das letras sexuais explícitas. Elas continuam, mas ele toma mais cuidado ao falar de sexo “sem ficar baixando a autoestima da mulher. A ideia das músicas é aumentar a autoestima. Porque o mundo mudou, não tem jeito”, diz Rick.

Nova geração do funk de BH. Em cima: DJ MC do MDP, DJ PH da Serra, MC Anjim. Embaixo: MC Rick, MC Mika e MC Zaquin — Foto: Divulgação / Twitter e Instagram dos artistas

Nova geração do funk de BH. Em cima: DJ MC do MDP, DJ PH da Serra, MC Anjim. Embaixo: MC Rick, MC Mika e MC Zaquin — Foto: Divulgação / Twitter e Instagram dos artistas

Informações: G1

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