Francisco Júnior escapa ileso ao dar explicações na Câmara

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Um superintendente de trânsito calmo, seguro e educado, contra uma trupe de vereadores dando vexame. Foi assim a sessão da manhã desta terça-feira na Câmara de Feira de Santana, em que os vereadores inquiriram Francisco Júnior, em atendimento a um requerimento de autoria de Edvaldo Lima.

O superintendente Francisco Júnior não sofreu qualquer embaraço por parte dos despreparados vereadores, apesar de estar há meses sob bombardeio no Legislativo e sob investigação em sindicância do governo, alvo de gravíssima acusação feita pelo vereador David Neto (que o acusou de estar envolvido em um esquema de desmanche de veículos sob custódia da Secretaria de Transportes).

Acabou parecendo na maior parte das vezes, que ao reclamar de multas aplicadas pela superintendência, os parlamentares queriam tão somente defender infratores e privilégios, deles mesmos ou de terceiros.

Antes da sabatina acontecer havia algum consenso em torno de duas questões centrais: a SMT multa demais e educa de menos. Mas isto foi tratado muito de passagem durante a longa sessão que durou cerca de duas horas.

Os queixosos não souberam expressar de forma clara seu descontentamento e Francisco Júnior dominou a cena, até por não perder a pose enquanto os vereadores, com destaque para Edivaldo Lima, se digladiavam.

O superintendente se deu ao luxo de não responder um dos pontos mais importantes da convocação. Quanto a SMT arrecada com multas? Foram mais de 51 mil notificações no primeiro semestre, mas isto não quer dizer que todas foram pagas. Ele alegou que muitas são anuladas após os recursos dos supostos infratores (68% recorrem), que há custos para emissão das multas e que os valores arrecadados são divididos com outras fontes. Disse que não sabia o valor arrecadado, mas que a informação constava na prestação de contas da superintendência.

Em sua palestra inicial de meia hora, apresentou um quadro comparativo com outras cidades do mesmo porte país afora, para demonstrar que as multas em Feira não são excessivas, ficando em vários casos abaixo das cidades listadas.

Quanto à educação no trânsito, afirmou ter feito uma campanha em rádios, TV e outdoors e disse que palestras são constantes, inclusive para crianças em escolas.

Quando questionado sobre o delicado assunto do desmanche, pelo autor da denúncia, David Neto, o superintendente respondeu que como o caso está sob investigação, não pode comentar.

Mesmo ao ser atacado com mais virulência, agradecia a pergunta e procurava um jeito de agradar ao inquisidor. Sem parecer cínico, mas como se estivesse se colocando mesmo na posição de quem tem obrigação de dar satisfação. “Infelizmente nem sempre a gente consegue convencer, mas prestar os esclarecimentos a gente é obrigado. Quem está no serviço público deve estar mais acostumado com as vaias que com os aplausos”, arrematou no final de sua participação.

“Foi um desperdício, tanto tempo para falar sobre essas  questões”, julgou o líder do governo, José Carneiro. Para ele, desde o começo a convocação teve motivação errada, por questionar o fato de pessoas serem multadas por avançar sinal, telefonar enquanto dirigem e outras infrações ao código de trânsito.

Pelo que se especula da sindicância em andamento na SMT, somada à performance no Legislativo, a aposta mais óbvia é que o questionado Francisco Júnior não perderá o cargo.

CPI

Insatisfeito com as respostas, David Neto disse que “é caso de CPI”, e que é preciso falar com o prefeito José Ronaldo, ao que o presidente Ronny respondeu que não é preciso pedir isto ao prefeito. “Levante um papel e manda um vereador assinar. Perguntar ao prefeito? O prefeito não tem poder de mandar aqui”.

Na sequência, Edivaldo Lima disse que deu entrada em um requerimento para instalação de uma CPI. “Faço a comissão agora, se Vossa Excelência disser que tem sete assinaturas”, rebateu Ronny. A resposta foi que não havia sete assinaturas. Ronny ainda comentou: “Termina 10 mandatos e não aparece”.

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