Famílias ocupam e loteiam terreno no centro de Feira de Santana

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Um movimento social composto por aproximadamente 60 famílias populares ocupou, há cerca de uma semana, um grande terreno abandonado, localizado na Rua Natal, nos fundos do Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC), no Centro da cidade, em frente à localidade onde acontecia a antiga Feira do Rolo.

Composto por trabalhadores informais, famílias, idosos, crianças e pessoas em situação de rua e desemprego, o grupo já ocupa o terreno há pouco mais de uma semana e já trabalha na capinação e limpeza da área. Os ocupantes também já dividiram os terrenos demarcados em lotes de 5m x 10m para cada uma das famílias. Welington Neves, um dos porta-vozes da ocupação, diz que algumas pessoas já estiveram no local reivindicando a posse de parte do terreno, mas que não apresentaram nenhuma documentação que comprovasse a posse da propriedade ou sequer estavam acompanhadas de um representante legal.


“Tem muitos anos que estamos nos informando sobre esse terreno e procurando saber quem é o proprietário. Recentemente constatamos que o terreno está abandonado e que já foi palco de muita violência. Quando começamos a capinar e limpar a área, isso aqui era um foco de mosquitos, sem contar que encontramos muitos vestígios de uso de drogas, camisinhas usadas, muitas bolsas e carteiras vazias, provavelmente de pessoas que devem ter sido roubadas no Centro. Aqui tem histórico de muitos crimes, assassinatos e estupros, pois era um local utilizado por marginais para se esconder da polícia, para desovar objetos frutos de roubos e para o consumo de drogas e sabe mais o quê já aconteceu aqui, pois a informação que temos é que o local está abandonado há mais de 40 anos”, diz o porta-voz do grupo.

Ele também revelou que algumas pessoas já estiveram no local alegando serem donas do terreno e insinuando ameaças e que a Polícia Militar também já se fez presente para averiguar a natureza da ocupação. “Já vieram algumas pessoas aqui se dizendo donas da área, mas ninguém se identificou ou apresentou documentação que comprovasse a posse. Ao serem questionados sobre a documentação, um deles mostrou uma arma e disse que o documento é o cabo do revólver. A Polícia Militar também esteve aqui, mas não mexeram com ninguém. Trataram todos com respeito e educação. Conversaram com a gente e viram que somos pessoas de bem, honestas e trabalhadoras e apenas queremos um pedaço de chão para construir nossas casas e sair do aluguel, que é o maior sonho de toda pessoa pobre. Essa ocupação, na verdade, é até uma coisa boa para a segurança da região”, explica Neves.

Vanessa Braga, que é uma das ocupantes do terreno, confirma que pessoas não identificadas estiveram no local, alegando serem proprietárias do terreno. Ela conta que o local é arriscado e perigoso, que não há segurança, água ou energia elétrica, mas que por necessidade e medo de perder seus lotes demarcados, muitas pessoas têm se arriscado e passado a noite no local.

“Com uma semana que ocupamos o terreno já vieram pessoas aqui em tom de ameaça, se dizendo donos do terreno, mostrando armas de fogo e mandando a gente se retirar. Mas, ninguém comprovou legalmente a propriedade da terra. A maioria aqui são trabalhadores informais, desempregados, pessoas que vivem de bico, vendendo fruta e verdura em carrinho de mão. Até peço a vocês da imprensa que olhem por nós, porque é tanta gente que já apareceu aqui se dizendo dono do terreno, fazendo ameaça, mostrando arma. Confesso que estamos com medo de sofrer alguma covardia”, diz a ocupante. 

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