Deputado recebe título sob protesto em Salvador

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O mais novo Cidadão Soteropolitano, o deputado federal Paulinho da Força (SP), que é presidente do Solidariedade, foi recebido aos gritos de “racista” e “profanador” por representantes do Coletivo de Entidades Negras (CEN), na noite desta segunda-feira, 29, em Salvador, minutos antes de receber o título na Câmara Municipal, por indicação do vereador Geraldo Júnior (SD).

O grupo, liderado pelo diretor da entidade Marcos Rezende e que foi retirado do plenário pela Assistência Militar da Casa, protestava contra o ato do parlamentar que distribuiu na Câmara dos Deputados, em Brasília, bolinhos de acarajé – a forma irônica que o Paulinho da Força encontrou para criticar as denúncias reveladas na última fase da Operação Lava Jato que levou o nome do quitute baiano.

O protesto também foi apoiado pela presidente da Associação Nacional das Baianas de Acarajé (Abam), Rita Santos, e pelo professor de inglês, iorubá e cultura afro-brasileira Denilson Santana, do Centro de Idiomas Mário Gusmão.

Eles consideraram uma “profanação” e um “desrespeito” usar um símbolo sagrado no candomblé para se referir à propina e corrupção. “O deputado não respeitou nossa tradição. Baiana não tem que estar ligada a Lava Jato. A gente está servindo de chacota para todo mundo, e logo com a comida de Iansã (orixá dos raios e trovões)”, alertou Rita.

O publicitário João Santana, ex-marqueteiro da presidente Dilma Rousseff, que está preso depois que gravações revelaram que seria para ele os “acarajés”, também foi criticado. “Ele, que é baiano, deveria ter mais responsabilidade com o axé do acarajé, respeitar uma tradição tão importante para o povo negro e do candomblé”, disse Marcos Rezende, lembrando que a entidade entrou com uma representação no Ministério Público Federal, em defesa do patrimônio público imaterial reconhecido pelo Iphan.

Já o professor Denilson Santana estendeu as críticas à política federal, que não respeitou o signos da cultura e religião de matriz africana. “Será que a Polícia Federal daria o nome de hóstia ou bíblia a esta operação?”, indagou o professor.

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