Copa do Mundo em Salvador chama atenção pelo forte clima de paquera

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É jogo, tem gol, brocador e malícia. Tem zagueiro, artilheiro e catimba. Tem falta e impedimento. Tem tudo isso, mas não é futebol. Se ligue: há uma outra Copa do Mundo acontecendo fora das quatro linhas, em Salvador. É a Copa da sedução, da paquera. É a Copa dos hormônios internacionais, que também entram em campo todos os dias nas ruas da capital baiana.

Com tanta gente de fora invadindo nossa área, o jogo fica diversificado. Nas estratégias de paquera, independente de esquema tático, estrangeiros e brasileiros têm protagonizado curiosos embates. Difícil é escolher o melhor setor pra atuar: Barra, Rio Vermelho ou Pelourinho? Em todos, é possível jogar fácil.

Muitos, como a soteropolitana Ulli Viana, 37 anos, têm escolhido partir para o ataque. A preferência é por tratar bem o turista. No álbum de figurinhas já constam um alemão e um argentino. “Como eles são um pouco devagar, tive que atacar, né? O clima está muito legal. Quero Copa do Mundo todo ano”, diverte-se, com fome de mais gols.

No time das que chegam junto, Marina Fonseca, 29, também é do tipo matadora. Até sexta-feira passada, havia marcado quatro vezes. Oportunista, beliscou um uruguaio, um alemão e um mexicano, além de um brasileiro. “Já peguei quatro. Rumo ao hexa!”, avisa. A essa altura, já deve ostentar a sexta estrela.

“Preferência para quem é de fora. Quando vou ter outra chance dessa?”, pergunta, no meio de um forró em que gringos e brazucas se esbaldavam no agora, mais do que nunca, “Red River”. Mas, é aí que entra a indignação dos brasileiros. O encanto das baianas pela novidade deixa pirados os locais. A briga, dizem eles, fica desigual.

“As mulheres só querem saber dos gringos. Estamos em desvantagem”, afirma Rodrigo Oliveira, 25 anos, no Largo de Santana. Para superar o adversário, os baianos usam seu peculiar jogo de corpo.

Há nativos que chegam a se passar por estrangeiros. Na primeira rodada da Copa, em frente ao Caranguejo do Farol, na Barra, teve um que pendurou uma camisa da seleção holandesa no ombro e desatou a falar inglês. Branco de cabelo sarará, virou conterrâneo de Van Persie. “Vou perder pra gringo, meu irmão?”.

Tentou infiltrar em uma defesa e quase teve êxito. Não se sabe se chegou a balançar as redes naquela noite. A única certeza é que não foi o único a tentar a mesma jogada. “O negócio tá feio. Amanhã, venho com a camisa de uma seleção gringa e falando estranho”, disse um jornalista baiano que preferiu não se identificar.

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