Automedicação com ivermectina continua, relatam médicos

Ivermectina

O uso da ivermectina como tratamento contra a Covid-19 continua ativo, mesmo depois de a própria fabricante afirmar que o medicamento não é eficaz contra a doença.

Médicos e enfermeiros de hospitais de São Paulo relatam que pacientes internados em unidades de terapia intensiva (UTIs) por infecção pelo novo coronavírus admitem ter usado o vermífugo antes de serem hospitalizados.

Segundo oito médicos e enfermeiros dos hospitais das Clínicas, São Luiz, Albert Einstein, Sírio Libanês, Samaritano e Oswaldo Cruz, os doentes afirmam ter tomado ivermectina de maneira preventiva ou após observarem os primeiros sintomas da doença. Dados de um hospital particular de São Paulo indicam que, dos 49 internados por Covid-19, seis usaram o vermífugo ou a cloroquina. Desses, três estão internados em estado grave e os demais, na enfermaria.

O problema é que, além de a ivermectina não ter eficácia comprovada contra a Covid-19, ela pode agravar o quadro do paciente ao sobrecarregar o organismo já debilitado e até aumentar o risco de doenças cardíacas. Por isso, médicos e enfermeiros têm constantemente de desmentir que o uso do vermífugo contra a Covid-19 traga benefícios.

“Quando vou intubar o doente, ele reclama: ‘doutor, eu tomei ivermectina em casa, não é possível’. Eu tento explicar que ele não tem verme, mas não ajuda em nada na Covid19”, conta um enfermeiro do Hospital Municipal de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo, que prefere não se identificar.

Em outros casos, médicos relatam discussões com pacientes dentro de salas de atendimento pelo mesmo motivo. Os contaminados querem receitas de ivermectina, hidroxicloroquina ou cloroquina para tratar a Covid-19. O motivo é o fato de os medicamentos terem sido defendidos pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e pelo ministério da Saúde.

E nem mesmo a falta de estudos científicos impede que alguns hospitais municipais da capital paulista recomendem os medicamentos para a Covid-19. Paralelamente, outras instituições, como o Hospital Oswaldo Cruz, estabelecem termos de responsabilidade para médicos em caso de prescrição de ivermectina ou cloroquina. O documento obriga o profissional de saúde a citar a falta de comprovação da eficácia dos medicamentos, bem como a esclarecer sobre os efeitos colaterais.

Informação – Gente 

 

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