Submundo do Telegram: Plataforma é usada para compartilhar pornografia infantil, vídeos de tortura, nazismo, desinformação e preocupa autoridades

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Alguém tem vídeo de incesto aí?”, pergunta uma pessoa. “Tenho, me manda PV (mensagem privada)”, responde a outra. No meio da troca de mensagens, pipocam vídeos pornográficos de menores de idade. Elas não sabem que suas fotos são comercializadas para dezenas de milhares de homens. Esta é a realidade de grupos do Telegram, serviço de mensagens concorrente do WhatsApp e que passa por um boom de popularidade no Brasil. Sem representação legal no país nem moderação de conteúdo e indiferente às tentativas de contato da Justiça a 12 meses da próxima eleição, a plataforma tem se tornado dor de cabeça para o poder público.

O EXTRA mergulhou durante três dias no submundo de links secretos do aplicativo, mas precisou de poucas horas para conseguir acessar conteúdos como pornografia infantil, vídeos de tortura e execuções, apologia ao nazismo, comércio ilegal e uma rede de desinformação sobre vacinas. Parte desses assuntos circula em grupos secretos, acessíveis a quem encontra ou recebe os links de entrada. Como algumas publicações envolvem crimes, a linguagem é cifrada. Para não serem rastreados, o termo “CP” (child pornography – pornografia infantil) aparece geralmente simbolizado por emojis, a palavra “vacina” é escrita de ponta-cabeça, e “nazi” aparece com tipografias góticas, por exemplo.

Diferentemente do WhatsApp, no Telegram os grupos podem ser públicos desde que configurados para aparecer na ferramenta de busca do aplicativo. Ambientes secretos podem ser acessados por uma vasta quantidade de entradas ao alcance de todos os usuários, com capacidade para até 200 mil pessoas.

Em grupos de vazamentos de nudes e vídeos pornográficos, é comum que administradores vendam acesso a salas VIP, alimentadas com conteúdo exclusivo. O principal alvo desse esquema é o OnlyFans, plataforma conhecida por hospedar publicações eróticas, de onde o conteúdo das autoras é vazado e comercializado por terceiros. A comunidade de CACs (caçadores, atiradores e colecionadores) e simpatizantes de armas são outro público assíduo de grupos do Telegram. Em espaços que chegam a dezenas de milhares de pessoas, revólveres, fuzis, munição e acessórios bélicos são comercializados sem regulamentação de órgãos públicos. Há ainda grupos em que os administradores comercializam dados pessoais por meio de programas automatizados.

Informações; Extra

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