Relatório apresentado por vereador aponta faturamento milionário de empresas de ônibus em Feira de Santana; Documento contraria alegações de prejuízo feitas pelas empresas

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Na última quinta-feira(25) o vereador Silvio Dias (PT) em entrevista ao vivo, apresentou um relatório sobre o faturamento de uma das empresas responsáveis pelo transporte público de Feira de Santana. A empresa em questão é a São João, e o documento apresenta um saldo milionário embolsado pela empresa de dezembro de 2020 a janeiro de 2021. Silvio teria conseguido acesso aos dados através da justiça.

O vereador afirma que o alto faturamento não condiz com as alegações das empresas, de que estariam tendo prejuízos por conta da redução no número de passageiros, o que levou a mesma a criar um plano de demissão voluntária para seus funcionários, e cogitar a solicitação de recuperação judicial e indenização.

“Elas alegam que há um desequilíbrio financeiro que vem tornando a operação insustentável e inclusive entraram com uma ação pedindo essa indenização junto à prefeitura. Existe uma recuperação judicial, mas é bom lembrar que a licitação que ocorreu em 2015, previa uma frota de 248 ônibus e 139 linhas e efetivamente esses números não estão a serviço da população. Muitos desses ônibus foram apreendidos e posteriormente leiloados e há notícias de que a empresa devolveu ônibus para a cidade de origem, inclusive Vitória da Conquista e outras cidades, o que levou a redução do número de veículos, que circulam na cidade. Inclusive também o número da redução de linhas. Temos uma tarifa que é calculada em cima dessa frota, em cima de toda uma operação que deveria estar a serviço da população e não está. A empresa passa então a não ter o mesmo custo previsto, mas ainda assim, continua recebendo a mesma tarifa. A população não utiliza o transporte público como deveria, por conta desse problema. Nós temos uma quantidade de passageiros muito reduzida, muito aquém do que foi prometido na licitação e entretanto, para o que nós observamos de oferta de transporte público na cidade, essa oferta tem gerado um descompasso ao que foi dito pelas empresas e tem gerado um superávit”, explicou.

Segundo Silvio, a situação dos transporte na cidade não é tão ruim quanto as empresas fazem parecer, e que mesmo com os impactos da pandemia, os problemas dos coletivos na cidade veem algo de longa data.

“Em 2015 as empresas que operavam o sistema abandonaram o serviço após uma fiscalização que questionou a quantidade de quilometragem que os ônibus rodavam naquela época e então não é simplesmente uma questão de falta de passageiros, existe sim, uma falta de fiscalização do governo, de adequação a nossa realidade. Houve essa licitação em 2015 e já em 2017, as empresas solicitaram a recuperação judicial, dois anos após contratar. Há algum problema nisso aí. Nenhuma empresa investiria 22 milhões na cidade, sem antes saber qual o montante de passageiros, as linhas que iria circular, a concorrência com o transporte clandestino. Essa história de que foram ludibriadas pelo poder público e por isso hoje estão requisitando indenização é falsa. Temos que entender que nenhum empresário faz um investimento nesse montante, sem antes conhecer qual é a realidade do município. O que nós temos hoje é que as empresas dentro do quadro atual, têm uma receita que é suficiente para se manter”, declarou.

No relatório apresentado por Dias, consta que, as receitas do mês de janeiro da São João atingiram o patamar de cerca de R$ 4.871.000. Mesmo abatendo o valor do imposto de R$ 73.857 o montante líquido alcançou o valor de R$ 4.797.000. O mesmo ainda aponta que, esse montante, somado ao saldo final do mês de dezembro de 2020 que seria cerca de R$ 4.879.000 acumulou em um saldo financeiro líquido de R$.9.677.000 para a empresa no mês de janeiro de 2021.

Para o vereador o a forma com que é tratada as questão sobre o transporte público de Feira de Santana é uma ‘caixa preta’, e está precisa ser aberta e mostrada à população.

“Para o quadro que nós temos do funcionamento do transporte público em Feira de Santana, com ônibus em quantidade reduzida, transitando lotado, com um número de linhas também reduzidas, a empresa não vive passando situação tão ruim como é propagada. Não há um quadro que leve a atraso de salários, plano de demissão voluntária. Temos que mostrar para a população qual é o verdadeiro cenário do transporte público. A prefeitura contratou uma empresa para fazer essa auditoria em 2019 e infelizmente o resultado desta auditoria não foi publicizado e diga-se de passagem que nós sabemos que porque o resultado desta auditoria não foi aquilo que a prefeitura esperava. Precisamos saber qual é o resultado dessa auditoria para que a gente possa discutir com mais transparência o que vem acontecendo com o nosso transporte público”, afirmou.

As informações que o vereador Silvio Dias obteve sobre o transporte público em Feira, segundo o mesmo, não foram obtidas pela via comum, que seria a Câmara de Vereadores. Todos os requerimentos de vereadores feios a câmara até então foram barrados em votação.

No ano de 2020, foram cerca de 21 requerimentos barrados, isso de apenas um vereador, esse sendo o ex-vereador Roberto Tourinho. Mais recentemente já no mandato dos vereadores eleitos na última eleição, foram vetados já dois requerimentos, um do vereador Ivamberg Lima sobre as condições do transporte público na zona rural e outro do vereador Jhonatas Monteiro que também solicitou informações sobre o transporte coletivo.

Informações: Acorda Cidade

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