Partiu Lua! Conheça os detalhes sobre a missão indiana Chandrayaan-2

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No dia 22 de julho, segunda feira, partiu a Chandrayaan-2 com destino às regiões polares da Lua.

O lançamento da sonda havia sido adiado por problemas em seu foguete no início deste ano, até que a janela de lançamento se fechou. Essas “janelas” são momentos em que as posições da Terra e da Lua, bem como suas dinâmicas, são favoráveis para um lançamento em que se possa executar as manobras necessárias com grande economia de combustível.

Mesmo depois de o problema ter sido sanado, o lançamento teve de ser adiado por outro problema menor no foguete GSLV MkIII-M1, que é o novo veículo lançador de satélites geossíncronos da Índia. Com a correção efetuada e com a sua validação por testes garantida, finalmente a sonda partiu na manhã de 22 de julho, no horário de Brasília.

O que fez a Chandrayaan-1?
A missão da Chandrayaan-2 sucede sua irmã mais velha no sentido de não apenas ficar restrita à orbita lunar.
Logo após seu lançamento, a sonda disparou um impactador nas proximidades da cratera Shackleton, nas regiões polares ao sul da Lua. Enquanto o impactador descia, a sonda efetuava o mapeamento do relevo abaixo, já preparando a missão da sua sucessora.

Meia hora depois do disparo, o impactador acertou a borda da cratera levantando uma pluma de destroços do solo, bem como abaixo dele, para serem observados desde o orbitador a uns 100 km de altura. E seus resultados apontaram mesmo a existência de gelo.

Como pode ter gelo na Lua?
A ideia é que o choque de cometas e outros núcleos ricos em gelo trouxe esse material para a Lua, como aconteceu com a Terra também bilhões de anos atrás. Na falta de uma atmosfera, o gelo lunar teria se evaporado assim que a luz do Sol o esquentou. Mas, em regiões como a borda de crateras nos polos da Lua, o Sol nunca ilumina os depósitos de gelo, então eles ainda estão lá.

E o gelo é muito importante, porque é dele que se espera tirar a sustentabilidade de futuras bases lunares. Além de usá-lo para abastecer as estações com água, ao se decompor sua molécula produz-se hidrogênio e oxigênio. Ambos podem ser usados na produção de energia, e o segundo, para renovar a atmosfera dentro das estações.
Depois de pousar, o jipe será liberado para executar suas próprias medidas, já que carrega um instrumento de raios-X e um espectroscópio a laser. O jipe pode alcançar a espetacular velocidade de 1 cm/s durante seus passeios e não possui um mecanismo de proteção à noite lunar que dura 14 dias terrestres. Sua expectativa de vida é de apenas 1 dia lunar, ou 14 dias terrestres…

O Vikram carrega 4 instrumentos que devem medir o ciclo térmico da superfície lunar, medir selenomotos, como são chamados os terremotos lunares e também inclui um painel refletor para medidas de laser.

O painel é uma colaboração com a Nasa que pretende medir não só a distância Terra-Polo Sul Lunar com precisão de centímetros, mas também medir com precisão o movimento de libração lunar.
Este movimento é uma espécie de “bamboleio” que a Lua executa enquanto orbita a Terra, de modo que uma pequena fração de partes que permaneceriam ocultas, devido à sincronização dos movimentos orbitais da Lua, possa ser observada da Terra. Outro objetivo da missão Chandrayaan-2 é verificar a disponibilidade de água no subsolo lunar, avaliando a quantidade que poderia ser explorada futuramente.

A sonda Chandrayaan-2 encontra-se ainda em órbita da Terra, mas em um processo de transferência para a órbita da Lua. Nesse processo, sua órbita vai sendo paulatinamente alargada, de modo que o ponto mais distante dela, chamado de apogeu, entre na região de influência gravitacional da Lua.

Nesse momento a sonda é capturada pela gravidade da Lua e o processo se inverte, sua órbita vai ser encolhida aos poucos. Se tudo correr bem, a inserção em órbita lunar acontece no final de agosto e o pouso da Vikram carregando o Pragyan está programado para o dia 7 de setembro.

G1

Foto: Indian Space Research Organisation/Reuters

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