Partículas de ar poluídas podem provocar paradas cardíacas

Portrait of young Asian lady with face mask to protect and prevent from the spread of viruses in the city
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Um estudo observacional realizado por pesquisadores de Singapura sugere que o aumento da concentração de pequenas partículas no ar pode desencadear paradas cardíacas. De acordo com os pesquisadores, o ar poluído pode ser o principal causador do aumento da condição nas últimas décadas. O artigo foi publicado na revista científica The Lancet no ínício de novembro.

Os cientistas da escola médica da National University of Singapore observaram partículas 25 vezes menores do que um fio de cabelo. O material conhecido como PM 2.5 pode ser facilmente inalado e também está relacionado a problemas de saúde como doenças respiratórias, autoimunes e até mesmo a demências.

No período analisado, entre 2010 e 2018, cerca de 18 mil pessoas tiveram ataques cardíacos fora do ambiente hospitalar em Singapura. Os pesquisadores descobriram que 492 desses casos estavam ligados ao aumento da concentração de PM 2.5 no ar. A conclusão, segundo os autores, torna ainda mais urgente a necessidade de reduzir os níveis de poluição do ar em todo o mundo.

“Produzimos evidências nítidas de que há uma associação entre o PM 2.5 com as paradas cardíacas ocorridas fora do ambiente hospitalar. Em muitos casos, o episódio leva à morte súbita”, afirma o epidemologista Joel Aik, um dos autores do estudo.

Os cientistas testaram condições hipotéticas em que a poluição do ar seria reduzida. Eles observaram que a diminuição de três microgramas por metro cúbico das PM 2.5 reduz em até 30% as chances de infartos relacionados a partículas. Isso representaria a diminuição de quase 150 das paradas cardíacas registradas no grupo analisado.

Também foi identificado que os efeitos da exposição ao ar poluído desaparecem dentro de cinco dias após a inalação das partículas. Segundo os cientistas, isso é um bom sinal, pois sugere que os danos podem ser revertidos caso haja uma limpeza do ar urbano.

Embora a relação entre o ar poluído e as paradas cardíacas já tenha sido detectada antes em cidades como Nova York, nos Estados Unidos, e Melbourne, na Austrália, os resultados foram inconsistentes com os dados coletados em outros lugares, como a Dinamarca.

A explicação pode ser atribuída à presença de uma menor concentração de poluição em determinadas localidades. Porém, de acordo com outras pesquisas, não há um nível seguro de exposição aos agentes poluentes que garanta a saúde da população.

Recomendações no Brasil

No Brasil, o Ministério da Saúde atua juntamente com o Ministério do Meio Ambiente desde 2001 para desenvolver ações de vigilância em saúde ambiental e qualidade do ar. Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), a poluição do ar ambiente provoca a morte de mais de 50 mil pessoas por ano no país.

Em 2021, a OMS lançou novas diretrizes referentes aos principais poluentes do ar: dois tipos de material particulado (PM 2.5 e PM 10), ozônio (O₃), dióxido de nitrogênio (NO₂), dióxido de enxofre (SO₂) e monóxido de carbono (CO). A recomendação internacional agora para a PM 2.5, por exemplo, é de cinco microgramas por metro cúbico de ar.

 

Fonte:  metropoles.com

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