Uma estatística vem surpreendendo os economistas brasileiros: o recorde do número de demissões por justa causa que atingiu o país no início de 2024. A notícia, que foi divulgada no jornal Valor Econômico, é resultado de um levantamento feito pela LCA Consultores.
Segundo a pesquisa, “em janeiro deste ano, o total de desligamentos do tipo chegou a 39.511, maior patamar da série histórica, que tem início em 2004. A leitura de fevereiro foi a maior para o segundo mês do ano. De acordo com economistas, o dinamismo do mercado de trabalho e fatores comportamentais explicam o fenômeno”.
Ainda de acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego, revelado na reportagem do Valor, o total de demissões por justa causa de janeiro é 11,5% maior do que os 34.131 de dezembro e representa 25,6% a mais do que os 31.454 desligamentos desse tipo em janeiro de 2023, segundo dados
Em fevereiro, o total de demissões por justa causa alcançou chegou a 35.667, ou seja, elevação de 25,9% em comparação com o mesmo mês de 2023, período em que houve 28.310 desligamentos.
Bruno Imaizumi, economista da LCA que gerenciou o estudo, indica, na matéria, elementos comportamentais, sazonais e metodológicos por trás das altas recentes.
“Não sabemos até que ponto essa volta ao trabalho presencial pós-pandemia pode ter contribuído para isso. Essas demissões podem ter ocorrido com mais força por conta do comportamento de parte de alguns empregados no local de trabalho, neste momento em que as empresas estão conseguindo avaliar e mensurar melhor o tempo de trabalho de seus funcionários. O próprio processo de renúncia silenciosa, no qual o funcionário vai deixando de cumprir tarefas sem fazer questão de avisar o empregador, pode pesar nesse aumento das demissões por justa causa”, afirma.
Hélio Zylbersztajn, professor sênior da Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Atuária (FEA) da Universidade de São Paulo e coordenador do Salariômetro da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), complementa: “O mercado não está apenas mais aquecido, gerando vagas, mas também mais movimentado, com mais admissões e desligamentos. O dinamismo do mercado é a principal variável por trás das demissões por justa causa”.
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