Número de animais abandoados cresce após fim do isolamento social

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Durante a pandemia do novo coronavírus e em função do isolamento social imposto pela nova doença, muitas pessoas aproveitaram o período de quarentena para adotar um animal de estimação, principalmente cães, pois são leais, companheiros, divertidos e extremamente amorosos.

O problema é que devido ao desenvolvimento das vacinas e a consequente imunização da população (não que isso seja um problema, em si, as pessoas retornaram às suas rotinas sociais e profissionais e muitas delas acabaram abandonando os animais de estimação, como se os bichos tivessem perdido a utilidade assim que a vida voltou à normalidade.

A sociedade termina por fechar os olhos para este problema, mas os membros de entidades que trabalham ajudando animais que vivem em situação de abandono são quem mais percebem este problema e quem mais sentem os efeitos danosos desses abandonos.

É o caso da ativista Patrícia Santos, fundadora e diretora da ONG Patinhas de Rua, que faz um trabalho direcionado aos cães de rua, alimentando-os, recolhendo-os e os direcionando para o abrigo da ONG para tratamento de feridas, de doenças, castração e posterior encaminhamento para adoção. Um trabalho muito nobre e importante tanto para os animais quanto para a sociedade de Feira de Santana.

“Comecei por que gosto muito de cães e morria de pena quando os via abandonados na rua, magros, doentes e com fome. Então comecei a comprar ração do próprio bolso e alimentá-los e toda vez que retornava, era recebida com muita alegria. Eles ficavam muito felizes a meu ver, abanavam as caudas, me davam muito carinho e pulavam em cima de mim. Eu voltava para casa toda suja, cheia de marcas de patinhas nas roupas e foi daí que surgiu o nome da ONG: Patinhas de Rua”, relembra Patrícia.

Patrícia, que já atua há muito tempo e ativamente na defesa da causa animal, diz que percebeu um considerável aumento da população de cães de rua no período pós-pandêmico. “Durante a pandemia recebemos muitos pedidos de adoção, mas as pessoas idealizam demais sobre o que e ter um cão. Muitas acabam devolvendo o cão porque cresceu demais, ou por causa dos custos de se manter um animal. Outras acreditam querer algo que, na verdade, elas não querem, pois ter um animal exige compromisso e sacrifício. Querem algo que não têm a menor noção. Quando experimentam, acabam desistindo. Aí devolvem o animal ou o abandonam na rua, o que é crime. Em ambos os casos, quem sofre é o animal, pois as duas situações são extremamente traumatizante para os bichinhos”, diz a fundadora da ONG.

Ela ainda ressalta que, de um ano para cá é perceptível o aumento no número de cães que estão nas ruas, não apenas porque os cachorros se reproduzem constantemente e as cadelas têm ninhadas numerosas a cada seis meses, mas porque cada vez mais cães de raça têm sido recolhidos pelas ruas. “Lá em nosso abrigo temos cães de raça, como rottweiler, fila, pitbull, pastor alemão, poodles, enfim. A maioria são cães com temperamentos difíceis, ou ficaram doentes e exigem tratamentos caros, aí as pessoas os abandonam”, revela Patrícia.

O problema é que manter uma constância de ações desta natureza é muito trabalhoso e extremamente oneroso e, para piorar, a ONG Patinhas de Rua não recebe apoio nenhum, pois apesar de importante, o trabalho exercido por eles é pouco reconhecido pela população e pelo poder público. “Temos pessoas que pontualmente nos ajudaram em algum momento, mas não contamos com o apoio constante ou certo de ninguém. Lançamos uma campanha no Instagram, 50 pessoas curtem e comentam dizendo que vão ajudar, mas nem 10% ajuda. A Prefeitura também não ajuda. Existe o telefone para remoção de animais mortos, em residências ou vias públicas. o Disque 156, do Departamento de Limpeza Pública, órgão da Prefeitura Municipal responsável pela remoção. Mas só isso é muito pouco”, desabafa a ativista. 

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