Mulher denuncia violência obstétrica sofrida durante parto em hospital de Feira de Santana: ‘Isso dói muito!’

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Uma mulher usou as redes sociais para denunciar um caso de violência obstétrica, que ela sofreu durante o parto da filha, em um hospital de Feira de Santana, a 100 quilômetros de Salvador. Depois que o depoimento viralizou na Internet, outras mulheres também relataram situações semelhantes na mesma unidade.

A nutricionista Gisele Oliveira deu à luz a filha Liz, que nasceu em junho deste ano, através de parto cesáreo. A unidade escolhida foi o Hospital da Mulher, que fica em Feira de Santana e oferece atendimento humanizado pelo Sistema Único de Saúde. Porém, a experiência que deveria ser especial foi traumática.

“O médico estourou a bolsa sem me avisar. Simplesmente veio em mim fazer o toque, sem pedir licença. Tinha uma enfermeira muito grossa, que me tratou mal durante toda a cirurgia, da hora que cheguei até hora dela ir embora para trocar de plantão.”

Eu estava sentindo bastante dor, me contorcendo na maca. A enfermeira simplesmente falou: ‘cale a boca!’. Me senti só mais uma carne que eles iriam cortar e fazer um procedimento”, desabafa.

Violência obstétrica é configurada como qualquer tipo de violência, física, moral e psicológica, praticada por profissionais de saúde contra mulheres no parto, pós-parto e puerpério.

Gisele conta que, em algumas horas, passou por várias situações constrangedoras. A pior delas, porém, foi logo após o parto.
“Foi fato de não terem trazido minha filha na hora do nascimento. Isso dói muito! Eu só consegui ver o rosto da minha filha porque eu pedi, gritei na sala”, relembra, emocionada.

Enquanto Gisele era atendida, o esposo dela e pai de Liz, Thel Medrado, aguardava notícias do lado de fora da sala de cirurgia. Ele conta que foi impedido de acompanhar o procedimento.

“Eu fiquei na recepção, sem informação nenhuma do que estava acontecendo. Teve uma hora que não aguentei. Quase 5h da manhã, invadi o hospital para ter notícias da minha esposa e da minha filha. Fiquei procurando de sala em sala, até que uma enfermeira me ajudou”, detalha.

Gisele e Thel pretendem procurar o Ministério Público da Bahia (MP-BA) e a Secretaria Municipal de Saúde, em busca de suporte.

Mesmo ser ter assistido aos vídeos postados por Gisele, a diretora médica do Hospital da Mulher, Andréa Alencar, garante que a unidade não tem casos de violência obstétrica. Ela diz ainda que Gisele pode procurar os meios legais para denunciar o caso.

“Existe um vídeo que circula na internet, que eu não assisti e nem pretendo. Nós temos um sistema de ouvidoria no hospital, temos a diretoria médica, o Ministério Público, se ela quiser, para fazer uma queixa formal”, disse Andréa.

“Temos o prontuário médico, onde tudo foi registrado, toda assistência foi prestada. Essa paciente saiu daqui com sua filha saudável, sem nenhuma intercorrência. Sobre o ponto de vista que ela sofreu violência obstétrica, é uma coisa pessoal dela” ,conclui.

Depois que o desabafo viralizou na rede social, outras mulheres também disseram ter sofrido violência obstétrica na mesma unidade. Em um deles, uma pessoa diz: “A dor e humilhação que passei naquele hospital, não desejo a ninguém”. Outra escreveu que foi obrigada a fazer silêncio para ser atendida.

“Só quem passou por uma situação dessa, sabe os traumas que ficam. O puerpério, em si, é uma fase complicada para a mulher, e ainda ter que passar por tudo isso em um dia tão sonhado, que deveria ser único na vida da mulher, é complicado”, desabafa Gisele.

Informações: G1

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