Uma mulher usou as redes sociais para denunciar um caso de violência obstétrica, que ela sofreu durante o parto da filha, em um hospital de Feira de Santana, a 100 quilômetros de Salvador. Depois que o depoimento viralizou na Internet, outras mulheres também relataram situações semelhantes na mesma unidade.
A nutricionista Gisele Oliveira deu à luz a filha Liz, que nasceu em junho deste ano, através de parto cesáreo. A unidade escolhida foi o Hospital da Mulher, que fica em Feira de Santana e oferece atendimento humanizado pelo Sistema Único de Saúde. Porém, a experiência que deveria ser especial foi traumática.
“O médico estourou a bolsa sem me avisar. Simplesmente veio em mim fazer o toque, sem pedir licença. Tinha uma enfermeira muito grossa, que me tratou mal durante toda a cirurgia, da hora que cheguei até hora dela ir embora para trocar de plantão.”
Violência obstétrica é configurada como qualquer tipo de violência, física, moral e psicológica, praticada por profissionais de saúde contra mulheres no parto, pós-parto e puerpério.
Enquanto Gisele era atendida, o esposo dela e pai de Liz, Thel Medrado, aguardava notícias do lado de fora da sala de cirurgia. Ele conta que foi impedido de acompanhar o procedimento.
“Eu fiquei na recepção, sem informação nenhuma do que estava acontecendo. Teve uma hora que não aguentei. Quase 5h da manhã, invadi o hospital para ter notícias da minha esposa e da minha filha. Fiquei procurando de sala em sala, até que uma enfermeira me ajudou”, detalha.
Gisele e Thel pretendem procurar o Ministério Público da Bahia (MP-BA) e a Secretaria Municipal de Saúde, em busca de suporte.
Mesmo ser ter assistido aos vídeos postados por Gisele, a diretora médica do Hospital da Mulher, Andréa Alencar, garante que a unidade não tem casos de violência obstétrica. Ela diz ainda que Gisele pode procurar os meios legais para denunciar o caso.
“Existe um vídeo que circula na internet, que eu não assisti e nem pretendo. Nós temos um sistema de ouvidoria no hospital, temos a diretoria médica, o Ministério Público, se ela quiser, para fazer uma queixa formal”, disse Andréa.
Depois que o desabafo viralizou na rede social, outras mulheres também disseram ter sofrido violência obstétrica na mesma unidade. Em um deles, uma pessoa diz: “A dor e humilhação que passei naquele hospital, não desejo a ninguém”. Outra escreveu que foi obrigada a fazer silêncio para ser atendida.
Informações: G1