Jovem dribla desemprego e ganha mais que assalariado trabalhando nos ônibus

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Com uma garrafa de álcool líquido em uma mão e uma flanela na outra, Layonel Simões, 22, adentra de forma voluntária nos transportes coletivos do subúrbio de Salvador para fazer a limpeza e desinfecção dos corrimãos, assentos e mãos dos passageiros, evitando que a covid-19 seja disseminada e contamine novas pessoas durante as viagens.

Antes da pandemia, o trampo de Layonel era a venda de sonho e banana real nos ônibus, mas por conta do receio da contaminação no interior dos veículos as vendas despencaram drasticamente e o jovem se reinventou, encontrando na limpeza e higienização uma forma de conscientizar e proteger a população contra o vírus, além de ganhar uma grana para casa.

Trabalhando há mais de 5 anos nos coletivos, Layonel contou que o trabalho informal com álcool em gel surgiu como uma oportunidade para driblar o desemprego.

“O que eu venho fazer dentro dos coletivos é um trabalho que pra muitos jovens é vergonha ou até mesmo humilhação, mas pra mim é trabalho digno, honroso e honesto. Vergonha pra mim é voltar pra minha casa e ter que precisar da ajuda dos meus pais para algo que eu queira comprar, sendo que eu posso sair todos os dias pela manhã e trabalhar. Aqui ganho mais que um assalariado”, disse.

Em entrevista ao Varela Net, que o acompanhou no último sábado, o jovem contou como surgiu a ideia do trabalho voluntário de limpeza e higienização dos transportes coletivos.

“Eu vendia sonho no ônibus e fui pedir um pouco de álcool em gel para uma senhorita e ela me respondeu de uma forma muito grosseira e disse que ‘a salvação é individual’, então isso cortou muito meu coração e foi daí que eu pude ver que posso ajudar o próximo sim, por quê não? Foi daí que comecei a ir pra rua higienizar o pessoal nos coletivos e ponto de ônibus”, disse.

Segundo Layonel, cerca de 50 ônibus são higienizados por dia e o material utilizado é comprado com parte das doações financeira feitas por passageiros como forma de recompensa pelo voluntariado.

“A compra de álcool líquido e flanela é feita com o dinheiro dado pelos próprios passageiros. É um trabalho de conscientizar [sobre os protocolos de biossegurança] e que podemos cuidar do próximo”, declarou.

O cobrador de ônibus, Nei Santos, 22, que segue trabalhando nas ruas desde o início da pandemia, falou sobre o trabalho de Layonel.

“É de suma importância ele fazer isso. A gente sempre abre a porta pra ele limpar o transporte”, disse. O passageiro José Cosme, 51, elogiou o trabalho voluntário. “Eu mesmo pego o carro todos os dias. Você mesmo vê que o transporte anda lotado e sujo, e isso passa a doença até para o rodoviário. Eu acho ótimo a limpeza do rapaz porque ele já ajuda a gente a não contrair a doença”, disse.

Informações: Varela Net

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