João Doria desiste da candidatura à presidência da República, dizem jornais

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O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), surpreendeu aliados na manhã desta quinta-feira (31) ao avisar que não vai deixar o cargo e que desistiu de concorrer à Presidência da República, segundo os jornais O Estado de S. Paulo, Folha de S.Paulo e O Globo.

Com isso, Doria não deve mais abandonar o Palácio dos Bandeirantes hoje, como estava previsto, e cancelou agendas externas (às 9h, ele anunciaria a nova fase de obras do Museu do Ipiranga). Mas manteve evento com prefeitos na sede do governo paulista às 16h, quando deve fazer o anúncio oficial.

Segundo a Folha, o governador avisou seu vice, Rodrigo Garcia, o que abriu uma crise no PSDB, partido ao qual ambos são filiados. Garcia assumiria o cargo com a saída de Doria e seria o candidato tucano a governador nas eleições em outubro.

O Estadão diz que Doria também vai deixar o PSDB e que, surpreendido pela notícia, Garcia pediu demissão da Secretaria de Governo. O vice estaria contrariado pois usaria o cargo de governador pra se projetar politicamente, se tornar mais conhecido e crescer nas pesquisas de opinião.

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Declarações após repercussão

Após a grande repercussão, Doria afirmou à colunista Mônica Bergamo, da Folha, que a notícia era “só especulação”. “Estou correndo muito aqui. Mas nem fui, nem voltei. Só para você saber. Só especulação”.

Bruno Araújo, presidente do PSDB, divulgou um comunicado oficial reafirmando que o pré-candidato do partido à presidência da República é o governador de São Paulo, que foi “escolhido democraticamente em prévias nacionais realizadas em novembro de 2021”.

“As prévias serão respeitadas pelo partido”, afirmou Araújo. “O governador tem a legenda para disputar a presidência da República. E não há nem haverá qualquer contestação à legitimidade de sua candidatura pelo partido”.

Falta de apoio no PSDB

Aliados do governador de São Paulo não descartam que o movimento seja uma jogada para tentar ter apoio público de seu partido e de aliados à sua candidatura presidencial, segundo análise da XP.

Apesar de ter ganhando as prévias do PSDB para ser o candidato tucano à presidência, derrotando o então governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, Doria sofria com a falta de apoio para a sua pré-candidatura dentro do próprio partido.

Sua queda nas pesquisas também não contribuiu para o quadro atual. Na último levantamento da Ipespe, encomendado pela XP Inc., Doria aparece com 2% das intenções de voto no primeiro turno no cenário estimulado (quando o eleitor escolhe seu candidato entre opções apresentadas pelo pesquisador).

O governador paulista, que tenta ser o representante da “terceira via” na eleição, se distanciou ainda mais de Sergio Moro (Podemos), que aparece com 9%, e Ciro Gomes (PDT), que tem 7%. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lidera com 44% e do presidente Jair Bolsonaro (PL) tem 26%.

Leite candidato à presidência?

Segundo o colunista Lauro Jardim, do jornal “O Globo”, nas últimas semanas ficou mais forte o movimento contra Doria dentro do PSDB e cresceu o apoio a Leite, mesmo que ele tenha sido derrotado pelo governador paulista nas prévias de novembro.

Leite renunciou ao governo gaúcho na segunda-feira (28) e anunciou que ficaria no PSDB, apesar de ter convite do PSD para ser candidato à presidência pelo partido. Na pesquisa do Ipespe ele aparece com 1%, empatado com Simone Tebet (MDB), André Janones (Avante) e Felipe D’Avila (Novo).

Segundo Lauro Jardim, há um grupo de tucanos que quer fazer o ex-governador gaúcho o candidato do PSDB a presidência, o que fez Doria afirmar nos últimos dias que está sendo traído. Leite tem o apoio de Aécio Neves, que é desafeto do governador paulista.

Informações: Info Money

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