Gastronomia brasileira conquista o mundo culinário

Chef and kitchen staff preparing dinner in restaurant kitchen
Chef and kitchen staff preparing dinner in restaurant kitchen

Qual é o seu restaurante preferido no mundo? Qual experiência gastronômica ficará gravada para sempre em sua memória? São muitos endereços, chefs talentosos, destinos icônicos e inúmeras recordações… Fica difícil escolher. Residem também em nossas mentes pratos afetivos e memórias familiares que transformam o assunto comida numa imaginação eternamente provocativa. A prestigiosa lista dos melhores restaurantes do mundo “The World‘s 50 Best Restaurants” é publicada todos os anos e traz uma linda amostra da diversidade culinária global. É também uma possibilidade de abrir novos caminhos quando o destino é um restaurante. Anualmente, chefs que pertencem a uma certa elite concorrem e disputam sua posição no cobiçado ranking, o mesmo tem como fama atrair milhares de clientes e bons negócios. 

Os fãs de alta gastronomia viajam em busca de experiências memoráveis e sempre inserem esse programa em algum momento da sua jornada. Em outras esferas, o cinema tem seu Oscar, a arte sua Bienal, a moda seus desfiles, os esportes suas olímpiadas… a gastronomia tem o “50 Best” como uma celebração mundial de pessoas movidas por servir e ser servidas. Verdade seja dita, os artistas da cozinha se transformaram em verdadeiras figuras multimídia, um fenômeno muito interessante dos últimos tempos. Com 20 anos de existência, essa comunidade de profissionais e marcas que gira em torno da “alta comida” segue crescendo exponencialmente. Então nasceram outras listas ditas “paralelas” como a extensão dos cinquenta para os cem melhores, a lista dos melhores restaurantes por regiões, o guia insider Discovery, os cem melhores bares, entre outros prêmios que tornaram a plataforma do 50 Best uma instituição forte e inevitável. Na era do travel revenge pós-Covid, cresce um interesse comum: viver experiências pessoais múltiplas e ter a garantia que serão bem lembradas. Dito isso, o papel do 50 Best é também fundamental no desenvolvimento do setor de hospitalidade e do turismo de qualidade no mundo.

Os restaurantes que figuram nessa lista expressam um estilo próprio dentro de uma linguagem, um verdadeiro código do “fine dining” planetário. Os melhores cuidam da experiência nos mínimos detalhes, constroem lindas narrativas, pensam no lado sensorial e sustentável da comida, imaginam a jornada do cliente do começo ao fim, fuçam as melhores invenções, resgatam ou criam técnicas, destacam constantemente valores antigos e contemporâneos. Tudo isso para servir verdadeiras obras de arte que saem da cabeça dos chefs para nosso prazer à mesa. No final da última cerimônia de premiação, onde acontece sempre um divertido desfile das estrelas gastronômicas internacionais, perguntei à expert e jornalista brasileira Alexandra Forbes qual é o ponto em comum entre as casas citadas no ranking. Sem hesitar, ela – que sempre acompanhou o prêmio de perto – afirmou que “todos os chefs da lista estão presentes fisicamente em suas cozinhas e que nenhum deles está à frente de uma rede de marcas comerciais com unidades espalhadas”. Faz todo o sentido quando o assunto é gastronomia elevada à arte: é (quase) sempre puramente autoral e singular. Outros críticos me afirmaram que alguns chefs usam e abusam dos convites fantasiados a potenciais jurados, se beneficiam da pouca oferta em certas regiões ou ainda exercem manobras estratégicas com suas agências de comunicação. Tudo isso me faz lembrar as bucólicas histórias dos inspetores pseudodisfarçados do guia Michelin, o concorrente do 50 Best que extinguiu recentemente suas operações em solo brasileiro. Como em toda competição, há pressão e comentários de todos os lados. Fato é que a classificação do 50 Best segue um rigoroso e complexo processo de auditoria que analisa os votos dos mais de mil jurados espalhados pelos cinco continentes. O “Oscar” da gastronomia, como ouso chamar, será sempre um excelente indicador e radar para os viajantes. Quando o assunto é Brasil, A Casa do Porco não precisaria estar classificada entre os dez melhores restaurantes do mundo para ser unanimidade absoluta na sua terra natal. Em pleno centro da megalópole de São Paulo, considerada a capital da América do Sul, os chefs Janaína e Jefferson Rueda quebraram preconceitos sobre a gastronomia brasileira e elevaram sua cozinha caipira a um incrível menu degustação com um preço “acessível” raramente visto antes.

 

Visitar A Casa do Porco é sempre sinônimo de um Brasil na sua melhor forma: acolhedor, delicioso, engajado e divertido. O nome de Janaína Rueda estampado na capa do novo menu não deixa dúvidas: o presente é feminino na Casa do Porco. Pela primeira vez desde a inauguração, o menu degustação é assinado por uma equipe exclusivamente composta por mulheres. Do cardápio ilustrado com xilogravuras da artista plástica Mimura Rodriguez ao poema de Cora Coralina impresso ao fim, todos os elementos sensoriais do menu recém-lançado convidam a embarcar em uma história de inspiração, cores, aromas e, claro, sabores femininos. O segundo melhor restaurante brasileiro do mundo fica na Cidade Maravilhosa e tem nome e sobrenome: Alberto Landgraf. No seu Oteque, o chef apresenta uma cozinha tecnicamente perfeita e um serviço mais afinado que seus melhores instrumentos. Instalado numa casa intimista do bairro de Botafogo, o restaurante já tinha virado destino obrigatório dos gourmets mais exigentes bem antes de figurar nos seletos cinquenta. O grande e poderoso Alex Atala segue firme e forte com seu D.O.M. que consta na lista estendida dos cem melhores. Atala é indubitavelmente o principal embaixador da gastronomia brasileira no mundo, sempre é citado com entusiasmo pelos chefs. A alguns quarteirões dali, a cozinha “Oriundi” do jovem e talentoso chef Luiz Felipe Souza entra graciosamente – e não sem muito esforço – na sexta e na sétima posição do ranking. No seu restaurante paulistano Evvai, Luiz Felipe segue obcecado por criatividade e apresenta uma experiência gastronômica digna de surpreender os mais céticos. É uma boa surpresa que todos esperavam. Este ano, o chef carioca Rafael Costa Silva fez um apelo por transformação: seu antigo Lasai seria completamente mudado para atender apenas oito clientes por noite. Se já era primoroso, ficou melhor ainda. O novo intimista Lasai do bairro carioca do Humaitá ficou em sétimo e em oitavo lugar na lista dos cem melhores. A chef Helena Rizzo do Maní – que consta como o último restaurante brasileiro no ranking – segue liderando nossos corações. A casa de Rizzo sempre traz o frescor que todos nós buscamos. Há certamente outros restaurantes brasileiros que alcançaram um nível de excelência similar aos citados na lista, basta ficar atento ao movimento crescente da gastronomia brasileira no mundo.

Fonte: revistaofficiel.com.br

 

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