Epidemia de dengue, zika e chikungunya é pior do que parece

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3.108 casos de chikungunya notificados e 1.169 confirmados, em Feira de Santana, de janeiro a 13 de julho. Média de 16 por dia. E mesmo assim, ainda é bem menos do que a realidade. As emergências dos hospitais particulares também estão lotadas, mas só a rede pública faz a notificação dos casos, informa a coordenadora da Vigilância Epidemiológica (Viep), Francisca Oliveira.

Junto com a chikungunya (e a dengue) a cidade é assolada também por outra doença, a zika. Todas causadas pelo mosquito Aedes Aegypti. Policlínicas, UPAs e postos de saúde da cidade estão sobrecarregadas pelo atendimento às vítimas. É tanta gente doente que já provoca um gasto elevado com pessoal para atendimento, equipamentos e medicação.

A Vigilância Epidemiológica se reuniu, em vão, com representantes de hospitais e clínicas para dar a orientação sobre a notificação dos casos de suspeita das doenças. “Nós demos esta orientação, mas até hoje não recebemos notificação da rede particular”.

O que causa dificuldades no combate aos possíveis focos do mosquito. “É importante que o paciente saiba que ele mesmo pode vir até a Viep ou solicitar a visita de um agente de saúde em sua casa para realizar a notificação”, avisa Francisca.

Os primeiros casos surgiram em setembro do ano passado, quando moradores de uma mesma rua no George Américo foram identificados na policlínica do bairro com os sintomas da chikungunya. Em 2014, foram notificados 1.440 casos e 1.119 confirmados.

Destas vítimas pioneiras, algumas ainda sofrem, principalmente com dores nas articulações. “Temos muitos casos em que idosos foram contaminados no ano passado, e até hoje sentem muitas dores. Estão na fase crônica da doença, em que as dores voltam e acabam limitando os movimentos. Há muitos abatidos por essa limitação, que ficaram inclusive deprimidos”, comenta Francisca.

Diante do crescimento exponencial da doença, Francisca assegura que tem feito tudo que é possível no combate (“Estamos trabalhando de domingo a domingo”) e cobra participação da sociedade. “Sabemos que o cidadão tem um papel importante na prevenção e no combate ao foco, mas sabemos também que a demanda tem sido grande para darmos conta”, afirma.

O mal se agravou a partir do surgimento do vírus zica, o que tem trazido complicações como a síndrome de Guillain-Barré, da qual Feira já teve pelo menos três casos. “A pessoa pode ter mais de um vírus associado. A zica e a chikungunya. Pode também contrair dengue e chikungunya, ou dengue e zica. Isso agrava mais ainda o quadro”, comenta.

A Vigilância Epidemiológica, bem como o Centro de Endemias, tem encontrado dificuldades no combate ao foco do mosquito por causa do grande número de casas fechadas. Em 30 dias, os agentes de endemias notificaram 11 mil imóveis fechados, onde não foi possível realizar a verificação. “Estes casos de imóveis e terrenos fechados, nós levamos ao Ministério Público, pois nós não podemos entrar em nenhuma propriedade sem a autorização do proprietário. Temos recebido muitas denúncias, inclusive, de locais fechados com potencial foco do mosquito, mas só podemos entrar para agir com autorização judicial”, relata.

Há um canal de comunicação para que as pessoas liguem e tirem dúvidas sobre como proceder em casos de aparecimento dos sintomas, como também denunciar locais com o foco do mosquito. O telefone é 0800 284 6656 e recebe as ligações em horário comercial.

Tribuna Feirense/ Juliana Vital

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