Egito: humorista acusado de insultar presidente é solto

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Promotores egípcios interrogaram neste domingo o mais famoso humorista do Egito, Bassem Youssef, acusado de insultar o presidente Mohamed Mursi   e o Islã. O caso ampliou o temor da oposição de que a repressão aos dissidentes cresça no país. Youssef se entregou depois que o procurador-geral emitiu uma ordem de prisão contra ele, no sábado. Ele foi libertado sob fiança de 15.000 libras egípcias (aproximadamente 4.500 reais), disse um funcionário do gabinete da Procuradoria.

Youssef se tornou conhecido no Egito e no mundo com um programa humorístico on-line depois do levante popular que levou à derrubada de Hosni Mubarak, em 2011. Seu programa — que é comparado ao do americano Daily Show, do humorista Jon Stewart — está sendo agora exibido pela TV egípcia. O comediante é acusado, entre outras coisas, de minar a posição do presidente Mohamed Mursi. O procurador-geral emitiu a ordem de prisão após pelo menos quatro ações judiciais de partidários de Mursi.

Além da investida contra Youssef, cinco ordens de prisão já haviam sido emitidas contra ativistas políticos, acusados de incitar a violência contra a Irmandade Muçulmana, grupo que levou Mursi ao poder na última eleição. “Essa é uma tentativa de restringir o espaço para a expressão crítica”, disse Heba Morayef, diretora da Human Rights Watch no Egito. O líder opositor Mohamed El-Baradei afirmou que esse é o tipo de ação vista somente em “regimes fascistas”. “É a continuação dos atos feios e fracassados para frustrar a revolução”, acrescentou.

Economia — Uma delegação do Fundo Monetário Internacional (FMI) deve chegar ao Egito na quarta-feira para outra rodada de conversas relacionadas a um empréstimo de 4,8 bilhões de dólares, segundo informou um porta-voz do governo neste domingo. O empréstimo é considerado o último recurso para evitar uma crise no balanço de pagamentos do Egito e recuperar a imagem do país perante os investidores estrangeiros. Segundo o porta-voz Alaa El Hadidi, o governo espera chegar a um acordo final com o FMI nesta semana, tendo em vista o estado de rápida deterioração da economia.

O Egito, atualmente sem data para uma eleição oficial, tem sofrido com um drástico declínio de investimentos estrangeiros nos últimos dois anos, desde os conflitos que resultaram na saída de Mubarak. A agência de classificação de risco Moody’s reduziu no último dia 21 de março o rating dos títulos soberanos do Egito de B3 para Caa1, com perspectiva negativa, aprofundando o país no grau especulativo. A Moody’s justificou a ação citando a economia enfraquecida do país, o maior risco de default e a contínua incerteza em torno da capacidade do governo de garantir apoio financeiro do FMI.

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