Documento revela que Japão pediu ao Brasil para investigar suposto passaporte brasileiro atribuído a Kim Jong-un

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Documentos revelam que a Polícia Nacional do Japão pediu ajuda ao Brasil em 1998 para investigar nove norte-coreanos suspeitos de usarem passaporte brasileiro falso no início da década de 1990. Entre os documentos colocados sob suspeita estava o passaporte em nome de Josef Pwag, identidade que, supostamente, teria sido usada pelo atual líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, para viajar e pedir vistos.

Obtidos pela BBC Brasil por meio da Lei de Acesso à Informação, esses documentos revelam detalhes de um procedimento interno, aberto pela Polícia Federal brasileira por solicitação dos japoneses, para averiguar a autenticidade dos documentos que foram usados pelos norte-coreanos para entrar no Japão entre 1990 e 1993.

No fim de janeiro de 1998, a Embaixada do Japão no Brasil formalizou o pedido junto ao Ministério das Relações Exteriores solicitando a colaboração para investigar os nove suspeitos de violarem a lei de controle de imigração japonesa. O pedido foi encaminhado à Polícia Federal para que se tomassem providências.

Dois anos e meio depois, um ofício da PF com data de agosto de 2000 diz que os passaportes da série CD que teriam sido usados pelos norte-coreanos expedidos pela PF no Rio de Janeiro deveriam ser recolhidos e cancelados porque “até hoje não se obteve uma resposta conclusiva sobre a legalidade da sua expedição, tudo levando a crer que os portadores não preenchiam os requisitos para obtenção”.

Os documentos obtidos pela BBC Brasil, que fazem parte do procedimento número 3351580, vieram da PF com tarjas pretas impedindo a identificação de nomes e números de ofícios. Não foi possível, portanto, descobrir o destinatário do ofício em questão.

Nele, a PF também pede autorização para obter informações sobre os norte-coreanos que tinham passaportes das séries CD e CE. E também apresenta uma lista de 15 perguntas cujas respostas foram consideradas “valiosas para instruir as investigações sobre a expedição irregular dos passaportes”. Esse é o último documento que consta no processo, ao qual a BBC teve acesso. Não há, no entanto, informação se a investigação avançou, nem se o Japão recebeu os dados solicitados.

O documento de Josef Pwag, natural de São Paulo e nascido em 1 de fevereiro de 1983, estava entre os passaportes colocados sob suspeita e que foram alvo da investigação. Como a BBC Brasil revelou em março, Pwag teve dois documentos brasileiros. O primeiro, com numeração CD791247, foi emitido pela PF no Rio em agosto de 1990. Conforme a BBC Brasil já havia revelado, num dos sistemas consultados por integrantes da corporação, consta uma observação associada a esse documento e assinalada como “(há) suspeita de violar imigração japonesa”, acompanhado do número do procedimento que a PF instaurou para apurar o caso a pedido dos japoneses.

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