Dicas de Leitura: Veja nossas 21 sugestões para o Dia Nacional do Livro

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Romance, drama, política, guerra, realidades inventadas, mente humana, sexo… o século 21 produziu grandes livros sobre os temas mais instigantes, interessantes e deliciosos.

Nestas duas décadas, já surgiram obras que ganharam o status de clássicos da literatura, arrebentaram em vendas no mundo inteiro e até ganharam a rede social do momento e fizeram milhares de adolescentes correrem para as livrarias, ajudando na recuperação do setor livreiro no Brasil e em outros países.

Neste Dia Nacional do Livro (29), o g1 conversou com editores, autores, curadores de feiras e especialistas no mercado livreiro para reunir as 21 obras que melhor representam o século, divididos por grandes temas. Para compor a lista, mesclamos mais vendidos, aclamados pela crítica, brasileiros e internacionais. .

Confira, a seguir, os livros organizados por tema e em ordem alfabética. Eles podem ser encontrados na venda online nos links abaixo.

Livros juvenis: 'Harry Potter, 'Mentirosos' e 'A Luneta âmbar' — Foto: G1

Livros juvenis: ‘Harry Potter, ‘Mentirosos’ e ‘A Luneta âmbar’ — Foto: G1

‘A Luneta âmbar’

O último livro da trilogia “Fronteiras do Universo”, de Phillip Pullman, conclui a história de fantasia infanto-juvenil em um universo com feiticeiras, anjos, espiões, assassinos e mentirosos.

“Uma conclusão maravilhosa e ambiciosa que mistura religião e questões profundas, como a alma, consciência, moralidade e mostra que nem tudo é somente bom ou mau, mas algo entre os dois. Phillip Pullman nos faz pensar sobre a relação da humanidade com a fé e o significado da vida de uma maneira única”, diz a boktoker e analista de projetos especiais do PublishNews Maju Alves.

‘Harry Potter e as relíquias da morte’

A série do bruxinho escrita pela britânica J.K. Rowling foi a responsável pela iniciação à leitura de vários adolescentes ao redor do mundo. “As relíquias da morte” encerra a saga infanto-juvenil mais pop dos últimos anos.

“Reflete o crescimento do Harry, muito mais sombrio e com questões mais maduras e filosóficas que os anteriores. Cheio de aventura, o livro tem momentos trágicos, guerras, além de alguns alívios cômicos, e nos faz refletir que, independentemente de poder, todos ainda são humanos e suas ações tem reações”, analisa a editora.

‘Mentirosos’

O livro é o grande expoente da nova onda de sucessos estrondosos graças ao TikTok. Ele foi lançado em 2014, mas apenas recentemente se tornou best-seller e sensação entre os adolescentes.

“Um mistério trágico, ‘Mentirosos’ é contado em um ritmo envolvente que prende o leitor. E. Lockhart usa as sentenças e a narração de uma maneira linda, que nos faz sentir como a personagem principal, passando por alegria, desespero, alívio e mais. Com um final surpreendente, o livro emociona seus leitores de maneira sem igual”, diz Alves.

Com mulheres fortes: 'A amiga genial', 'Meio sol amarelo', 'Persépolis' — Foto: g1

Com mulheres fortes: ‘A amiga genial’, ‘Meio sol amarelo’, ‘Persépolis’ — Foto: g1

‘A amiga genial’

O início da Tetralogia Napolitana é um retrato fascinante sobre crescer mulher, e como os abusos da sociedade acabam se tornando parte de quem somos. O fato de ser narrado por um narrador não confiável também conversa bastante com a valorização da subjetividade do nosso momento atual”, destaca Julia Barreto, editora do grupo HarperCollins Brasil.

Um mistério da vida real ajuda a tornar tudo mais interessanteElena Ferrante, autora da saga, é o pseudônimo da escritora (ou escritor?) de identidade desconhecida.

‘Meio sol amarelo’

Não tem como falar de literatura neste século sem citar a nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie. “Meio Sol amarelo”, vencedor de prêmios, é um romance histórico sobre crescer em um país dividido e seu legado colonialista.

“É legal principalmente por nos mostrar uma visão daquela sociedade. É um romance de formação com a questão feminina muito forte, além do embate entre o rural e o urbano e as transformações sociais”, explica o escritor e curador da festa Literária da Mantiqueira Roberto Guimarães.

Persépolis’

A história em quadrinhos narra a vida de uma menina iraniana virada ao avesso com a revolução islâmica. E é irresistível.

“Ela conta como testemunha ocular da história. Só isso já seria incrível, mas o que o torna fascinante é a forma. Um relato autobiográfico e marco na narrativa de quadrinhos porque trata de um tema muito difícil de uma forma poética, com uma linguagem que aproxima, principalmente a molecada. Se tornou um ícone pop porque tem esse diálogo com muitos universos”, avalia Guimarães.

Sobre autoconhecimento: 'Sapiens - Uma breve história da humanidade', 'A sutil arte de ligar o foda-se' e 'Rápido e devagar' — Foto: g1

Sobre autoconhecimento: ‘Sapiens – Uma breve história da humanidade’, ‘A sutil arte de ligar o foda-se’ e ‘Rápido e devagar’ — Foto: g1

‘A sutil arte de ligar o foda-se’

Um livro que diz na sua cara que talvez você não seja tão especial quanto pensa. E que a vida é mais cheia de problemas do que de soluções. Com essa pegada de autoajuda e um título que chama atenção, o autor Mark Manson se tornou o mais vendido do Brasil em 2018. “Best-seller desde que foi lançado, o livro segue ajudando muita gente a descobrir o que de fato é prioridade e o que pode ser deixado para lá”, diz Talitha Perissé, editora de aquisições da Intrínseca.

Rápido e devagar, duas formas de pensar’

Daniel Kahneman, vencedor do prêmio Nobel de economia em 2002, lançou este best-seller em 2011. Ele faz uma viagem pela mente humana e explica as duas maneiras como ela funciona: o sistema um, rápido, intuitivo e emocional; e o dois, lento e lógico. Com isso, ele questiona comportamentos e dogmas que tomam a vida de todos.

‘Sapiens – Uma breve história da humanidade’

Best-seller mundial, o livro do professor israelense questiona tudo o que se sabe sobre a trajetória humana com uma documentação precisa sobre as revoluções do homo sapiens.

Para o presidente da Câmara Brasileira do Livro (CBL), Vitor Tavares, “ele faz uma análise das novas tecnologias e sua influência no comportamento na sociedade extremamente atual e joga perguntas importantes para refletirmos enquanto sociedade”.

 Tocantes: 'O caçador de pipas', 'A cabana' — Foto: g1

Tocantes: ‘O caçador de pipas’, ‘A cabana’ — Foto: g1

‘A cabana’

A obra do canadense William P. Young é um dos grandes hits do século. Ao contar a história de um pai que não perdoa Deus pela morte da filha e, em um final de semana, tem um encontro surpreendente com o criador, o autor aborda religiosidade, culpa e perdão.

“É uma ótima proposta para reflexão. A ideia de estar com Deus, Jesus e o Espírito Santo, em representações tão peculiares, em uma cabana e poder passar a limpo tudo o que vai no coração humano e, por si, falho, é incrível. Este livro vai além do que é apresentado superficialmente. É uma obra a ser lida, relida, avaliada e pensada com muita atenção e profundidade”, defende a escritora e jornalista Roberta de Souza.

O caçador de pipas’

O romance de estreia de Khaled Hosseini é outro dos mais vendidos do século. Narra, de maneira sensível, a história de dois amigos, um rico e um pobre, no Afeganistão da década de 1970. “Foi uma denúncia e um retrato político, mas também cheio de sensibilidade, uma investigação sobre felicidade e redenção que emociona e toca”, diz Tavares.

Sobre relações: 'Pessoas normais', 'Pornopopéia', 'Textos cruéis demais para serem lidos rapidamente' — Foto: g1

Sobre relações: ‘Pessoas normais’, ‘Pornopopéia’, ‘Textos cruéis demais para serem lidos rapidamente’ — Foto: g1

‘Pessoas normais’

A série “Normal people” fez todo mundo ficar fascinando com os encontros e desencontros dos jovens protagonistas, além de belas e longas cenas de sexo. Mas o livro no qual ela se baseia, da autora Sally Rooney, é igualmente poderoso.

“É marcante porque fala sobre as dificuldades de conhecer alguém de verdade, e ser conhecido em troca. É algo que conversa especialmente com os jovens do século XXI, que só apresentam apenas uma pequena parte de si, e muita vezes algo idealizado, para o mundo”, analisa Julia Barreto.

‘Pornopopéia’

O livro de Reinaldo Moraes é o mais ousado da lista. Ele usa linguagem escrachada para falar sobre temas contemporâneos, como prazer, obsessão e individualismo. Seu anti-herói tem passagens cheias de humor, sexo e drogas.

“O autor conta de forma livre, fluida e com pitadas de humor como é viver sem rotulagem e hipocrisia. Para uma grande parte da sociedade, ele consegue falar verdades indigestas de forma leve e cômica. Diz aquilo que todos nós gostaríamos de dizer”, avalia o presidente da CBL.

‘Textos cruéis demais para serem lidos rapidamente’

O livro de “poesia jovem de autoajuda” saiu do facebook e chegou aos mais vendidos do Brasil. Ele surgiu a partir do término do autor e pegou uma geração de leitores (e até não leitores) que se identificava com os sentimentos de perda e fim de relações.

Para entender o Brasil: 'Torto Arado', 'Escravidão' — Foto: g1

Para entender o Brasil: ‘Torto Arado’, ‘Escravidão’ — Foto: g1

‘Escravidão’

Lançado em 2019, o livro do jornalista Laurentino Gomes ficou entre os mais vendidos do Brasil no ano seguinte. O texto resgata o passado escravagista do país e seus reflexos na sociedade atual e no racismo que ainda resiste.

“Nenhum outro assunto é tão importante na história do Brasil quanto a escravidão. A obra de Gomes nos ajuda a entender o que fomos no passado, o que somos hoje e o que seremos no futuro”, diz Mauro Palermo, diretor da Globo Livros.

‘Torto arado’

A obra de Itamar Vieira Junior sobre duas irmãs do sertão baiano foi o grande fenômeno brasileiro de 2020 e 2121, daqueles que todo mundo lia ou queria ler. Ele parte de um acidente doméstico e de vidas muito particulares para refletir sobre racismo, machismo e marginalização. Para Vitor Tavares, ele foi um grande diferencial da pandemia por passar uma mensagem forte por meio de uma prosa envolvente.

 Família e história: 'Reparação', 'Dentes brancos', 'Liberdade' — Foto: g1

Família e história: ‘Reparação’, ‘Dentes brancos’, ‘Liberdade’ — Foto: g1

‘Dentes brancos’

A escritora britânica Zadie Smith escreve sobre a Inglaterra multicultural da atualidade: conta a história de dois amigos da Segunda Guerra Mundial que se reencontram 30 anos depois e enfrentam os mesmos problemas com família, filhos e o novo mundo. “Essencialmente sobre conflitos de gerações e um mundo multicultural. Transmite uma atualidade muito interessante em um texto até didático”, diz Tavares.

‘Liberdade’

O livro de Jonathan Franzen agradou demais quando foi lançado: ganhou elogios do ex-presidente Barack Obama, entrou para o clube do livro da apresentadora Oprah Winfrey e foi eleito “livro do século” pelo jornal “The Guardian”. Nele, o autor acompanha um casal com família problemática, escândalos ecológicos e presença ambígua de um velho amigo.

“Forte porque trata da psique, do entendimento do seu eu e a relação com o outro. É um choque comportamental entre visões liberal e conservadora. Ele consegue jogar grandes questões (ecologia, ambiente) para reflexão do leitor. A liberdade é um conceito profundo, atual e cativante”, explica Tavares.

‘Reparação’

O britânico Ian McEwan é um dos escritores mais premiados e celebrados do século. Em “Reparação”, ele escreve de maneira elegante uma história de culpa, amor e o horror da guerra. Usa, com maestria, o narrador não confiável e influenciou outros escritores no estilo. O sucesso do livro gerou uma adaptação para o cinema que venceu um Oscar.

Política e ficção científica: 'Complô contra a América', 'Não me abandone jamais' — Foto: g1

Política e ficção científica: ‘Complô contra a América’, ‘Não me abandone jamais’ — Foto: g1

‘Complô contra a América’

Nesta distopia, Philip Roth imagina o seguinte: o que aconteceria com os Estados Unidos se o aviador Charles Lindbergh, antissemita e simpatizante de Hitler, virasse presidente e assinasse um tratado com a Alemanha nazista?

“É uma narrativa dos anos 1940 que questiona bem os conceitos de liberdade e realidade relativa. É muito interessante ver como ele trabalha essa realidade que parece tão distante, mas ronda e ameaça as democracias ainda hoje”, diz Tavares.

ão me abandone jamais’

Kazuo Ishiguro venceu o Prêmio Nobel de Literatura em 2017. Em 2005, ele escreveu o que é, “sem erro, um dos clássicos do século 21”, avalia o escritor Roberto Guimarães. Ishiguro usa ficção científica e alegorias para tratar de grandes questões: história, nacionalismo, tecnologia, morte e o ser. Neste livro, há um triângulo amoroso entre clones que trata sobre tudo isso com classe e sensibilidade.

“É uma narrativa muito potente porque é bem precisa, econômica e suave. Um pouco ingênuo, às vezes, e quando você vê, te arrasta para tensões existenciais. Além disso, acho que o olhar para uma literatura japonesa é uma coisa importante”, diz o editor.

Informações: G1

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