Deputados baianos explicam doações recebidas de empresas da Lava-Jato

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rw1652Doações indiretas, feitas às chapas majoritárias de suas legendas, para a compra de placas e materiais publicitários de campanhas, distribuídos entre os candidatos.

Esta é a principal explicação de deputados baianos, integrantes da CPI da Petrobras, no Congresso Nacional, para o fato de seus nomes constarem como receptores de doações financeiras feitas por construtoras envolvidas na Operação Lava Jato.

Os nomes dos parlamentares Afonso Florence (PT), Cacá Leão (PP), Félix Mendonça Jr. (PDT), Paulo Magalhães (PSD) e João Carlos Bacelar (PR) estão na prestação de contas da campanha de 2014 feita ao Tribunal Superior Eleitoral e disponibilizada no site do órgão.

O parlamentar João Carlos Bacelar (PR), que dentre os cinco foi o que recebeu menor valor, considerou como “ridícula” a forma como a informação tem sido noticiada, com a primeira publicação feita em final de fevereiro pelo jornal Folha de São Paulo. No TSE, consta que ele recebeu R$ 4.493, 66 da UTC e da OAS.
Esta última teria entregado R$ 1.638,25 em 14 doações fracionadas. Já R$ 2.855,41 foi doado pela UTC. “Essa informação como é colocada chega a ser ridícula. Esse valor é relativo a um material de campanha publicitária que eu recebi doado pelo governador Rui Costa. Rui Costa recebeu um determinado valor, mandou fazer determinado número de placas, e distribuiu entre os candidatos. Ele mandou um recibo de doação e eu mandei um recibo de aceitação de doação dele. Não recebemos nada diretamente das empresas, por isso não atrapalha na nossa atuação na CPI da Petrobras”, declarou.

Em seu segundo mandato, o petista Afonso Florence, que já foi ministro no primeiro governo da presidente Dilma Rousseff, aparece na prestação de contas como quem recebeu a doação de R$ 16.183,46 da OAS e da UTC. Ele explica, entretanto, que o montante foi repassado para a chapa majoritária do PT na Bahia. “A campanha majoritária fez a doação e o valor que aparece é a doação estimada. Recebi a doação indiretamente sem saber o doador original, essa doação é estimada, não foi um depósito pessoal que aconteceu na minha conta”, afirmou.

O pedetista Félix Mendonça Jr. que aparece como receptor de R$12.433,60 das empreiteiras OAS e UTC, contou à Tribuna da Bahia que foi pego de surpresa quando questionado sobre a doação. “Eu fui pego de surpresa com essa notícia e fui procurar saber do que se tratava. Não foi doação financeira das empresas aos deputados. Foi uma doação direta para a campanha majoritária, e como fez material em conjunto comigo, aparece na prestação de contas”, resumiu.

Ainda conforme a prestação disponível no site do TSE, o nome de Felix aparece como quem recebeu a doação de R$ 9,6 mil da Odebrecht, citada nas delações premiadas da Operação Lava Jato.
Segundo a prestação de contas do TSE, quem mais recebeu recurso de doação foi o deputado federal Cacá Leão (PP), filho do vice-governador da Bahia, João Leão (PP). Em seu primeiro mandato na Câmara, ele recebeu ao todo R$ 306.991,83.

O maior montante foi feito pela OAS, que por meio do partido, doou R$ 200 mil e depois repassou R$ 4.136,42. A construtora Andrade Gutierrez contribuiu com R$ 100 mil. Já a UTC doou R$ 2.855,41.
O pessedista Paulo Magalhães, da família do prefeito soteropolitano ACM Neto (DEM), que já ocupou cadeira na Câmara, recebeu R$ 5.498,44 da OAS e da UTC. A reportagem tentou contato com Paulo Magalhães e Cacá Leão, sem sucesso.

O deputado federal Lúcio Vieira Lima (PMDB) saiu em defesa dos colegas. “A legislação não impede, atualmente, de receber doação de empresas privadas. Elas contribuem com o que querem e não sabiam que estes parlamentares seriam indicados para integrar a CPI da Petrobras. Não vejo problema nenhum deles participarem da CPI. Uma coisa não tem nada a ver com a outra e não interfere na atuação deles. Seria como dizer que todo mundo é bandido porque recebeu doação”, destacou.

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