Conheça a rotina de um motorista de Rabecão do DPT

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Com milhares de homicídios e acidentes que ocorrem diariamente no Brasil, um dos profissionais que mais trabalham por conta desses fatos é o motorista e auxiliar de necropsia do Rabecão, veiculo conhecido pelo transporte de cadáveres.
A complexidade deste trabalho causa muita curiosidade entre a população pois, não é qualquer pessoa que consegue designar tal função.

Em entrevista ao Caldeirão do Paulão, Jacó Ferreira da Silva, 43 anos, motorista e auxiliar de necropsia no Rabecão do Departamento de Polícia Técnica de Serrinha (DPT), 68 km de Feira de Santana, contou como entrou nessa função.


“Comecei há 13 anos na área e foi sob o incentivo de um colega, mas, eu ficava com medo e receio de ver gente morta. Meu primeiro dia foi bem complicado precisei fazer a remoção de um corpo com tiro de calibre 12 e a cabeça do homem estava dilacerada”, contou.
Jacó disse que ficou com bastante medo de remover, porém, o perito que estava no dia da ocorrência o encorajou.
“Era 22h00 quando fui nessa ocorrência e o perito perguntou se eu era novo no trabalho. Confirmei e ele informou que iria me ‘batizar’. Quando puxei o pano e vi o cadáver todo deformado, sentir que aquele foi o pior dia da minha vida. “Quase desistir!”, relembrou aos risos.
Com o passar do tempo, Jacó começou encarar a rotina de trabalho com mais naturalidade, porém, relatou que muitas situações ainda chocam devido a gravidade do caso.
“Ocorrências que possuem crianças me deixa muito sentido! Uma vez precisei remover os corpos de uma família que se envolveu em um acidente e entre as vítimas tinham duas crianças. Foi muito triste!”, lamenta.
Utilizando luvas e máscaras, Jacó junto ao auxiliar de necropsia precisam ter ‘estômago’ para aguentar retirar restos mortais quando a ocorrência causa muitos desastres nos envolvidos.
“Não é fácil ver massa encefálica e órgãos dilacerados, principalmente em acidentes! Retiro com muito cuidado, em respeito aos familiares das pessoas”, relata.
Apesar do costume, a família de Jacó não aprova a profissão pois, acreditam ser um cenário sombrio para o rapaz.
“Eles ficam mandando eu procurar algo melhor e falam sobre a minha coragem de ver as cenas que convivo diariamente. Sei que é um trabalho pesado pois, só faço remoção de mortes violentas! São energias pesadas por que tem homicídio que fazemos a retirada de um corpo que já matou outras pessoas e meus pais ficam com medo e oram muito por mim”, falou.
Questionado sobre sua realidade em trabalhar com mortos, o homem foi enfático em seu medo de morrer.
“Meu único medo é morrer por engano! Trabalhei em muitos casos que a pessoa foi assassinada por engano. É lamentável e não gostaria de encerrar minha vida dessa forma. Fora isso, a morte é algo natural do ser humano”, conclui.

Por Rafaela Rodrigues

Foto: Arquivo pessoal

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