Como cérebros doados no Brasil estão ajudando a descobrir origem do Mal de Alzheimer

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Em duas salas no prédio da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), no bairro do Pacaembu, na zona oeste da cidade, repousam, em formol ou congelados, cerca de 4 mil cérebros humanos, de pessoas que morreram de causas naturais com idade ao redor de 50 anos ou mais. Não é uma mera curiosidade da capital paulista.

Eles foram doados pelas famílias dos mortos e têm ajudado neurologistas e neurocientistas a entender as doenças do cérebro causadas pelo envelhecimento. Várias descobertas já foram feitas graças a esse banco de encéfalos – entre elas, a de que o Mal de Alzheimer começa no tronco cerebral, que conecta a medula espinhal com as estruturas localizadas acima, e não no córtex, como se pensava até então.

O “banco de cérebros”, como é conhecido o Projeto Envelhecimento Cerebral e Biobanco para Estudos no Envelhecimento da FMUSP, foi criado em abril de 2004 e chegou aos números que ostenta hoje graças ao Serviço de Verificação de Óbitos (SVO) da faculdade, que realiza cerca de 15 mil autópsias por ano em São Paulo.

Esse número representa 45% das mortes por causas naturais, 60% das quais de pessoas com mais de 50 anos. É uma taxa de exames de causa mortis muito grande comparada à de outros países, onde ela não ultrapassa os 10%.

Depois que decidem doar o cérebro, os familiares devem responder a um questionário que tem como objetivo verificar se o parente tinha alguma perda de cognição ou manifestação clínica que pudesse ser associada a algum quadro de demência.

“A boa receptividade das pessoas aos nossos estudos foi surpreendente”, conta Léa Tenenholz Grinberg, professora do Departamento de Patologia da FMUSP e uma das fundadoras do Biobanco. O índice de concordância com a doação chega a 94%.

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