Câncer de colo de útero é o 3º mais comum entre mulheres no Brasil e pode ser prevenido com a vacina.

1-no-ano-passado-900-mil-vacinas-encalhadas-foram-liberadas-para-homens-e-mulheres-fora-na-faixa-etaria-alvo-para-que-nao-estragassem

1-no-ano-passado-900-mil-vacinas-encalhadas-foram-liberadas-para-homens-e-mulheres-fora-na-faixa-etaria-alvo-para-que-nao-estragassem

Cinco anos depois de o Brasil fazer a primeira campanha nacional de vacinação contra o Papilomavírus Humano (HPV) e de disponibilizar a vacina gratuitamente no Sistema Único de Saúde (SUS), apenas 48,7% das meninas entre 9 a 14 anos no país – a população-alvo recomendada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) – foram imunizadas.

O HPV é responsável por 99% dos casos câncer de colo de útero, o terceiro mais frequente entre as mulheres no Brasil, o quarto que mais mata – e um dos poucos que pode ser prevenido com vacina.

São mais de 100 tipos de vírus, dos quais 13 são considerados de alto risco, podendo causar, além dos tumores cervicais, câncer de ânus, vulva, vagina e de pênis. Altamente contagioso, muitas vezes assintomático e sem cura, ele é transmitido principalmente durante a relação sexual sem proteção.

O vírus está presente em mais da metade população brasileira sexualmente ativa. Pesquisa realizada pela Associação Hospitalar Moinhos de Vento em parceria com o Ministério da Saúde mostrou que 54,6% dos indivíduos entre 16 e 25 anos no país têm HPV. Divulgada no fim do ano passado, a análise teve a participação de 5,8 mil mulheres e 1,8 mil homens de todas as regiões.

Países como a Austrália conseguiram reduzir a prevalência do HPV na população para cerca de 1% e estão perto de erradicar o câncer de colo de útero. Em vizinhos como o Chile, a cobertura da vacina passa de 70%.

Em 2013, o Brasil fez uma grande parceira público-privada para nacionalizar o processo de fabricação da vacina e, no ano seguinte, iniciou a campanha pelo SUS em escolas de todo o país.

De lá para cá, contudo, a taxa de cobertura para as duas doses, essenciais para a imunização, não passou de 50%. No ano passado, esse percentual chegou a 48,7%. A campanha deste ano começou em março e, a partir de setembro, o SUS começa a aplicar a segunda dose.

 Vacinar adolescentes é mais difícil do que imunizar as crianças, muitas vezes encaminhadas para o posto de saúde diretamente pelo pediatra, destacam médicos .

Há a questão do receio dos efeitos colaterais – neste caso, alergias leves aos componentes do medicamento –, a mistura entre o “medo de agulha” e a sensação de que a doença é algo distante e, no caso específico do HPV, a visão distorcida de alguns pais de que a vacinação poderia dar início precoce à vida sexual dos filhos.

Para infectologistas e especialistas em HPV, contudo, a principal razão para que o país esteja longe da meta de 80% de cobertura foi a saída da vacinação das escolas.

OUTRAS NOTÍCIAS