Professor com sequelas da Covid-19 tem pedido de licença negado na BA e pode ter salário cortado

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Um professor de Feira de Santana, que ficou internado mais de quatro meses por complicações causadas pela Covid-19, teve um pedido de licença negado pela Junta Médica do Estado. Mesmo com sequelas que o impossibilitam de voltar as aulas, ele precisa retornar ao trabalho sob pena de ter o salário cortado.

O diagnóstico veio pouco antes de João Fábio Peixinho tomar vacina contra a doença, em maio do ano passado. A Covid-19 poderia não ser uma ameaça para o professor de 41 anos, sem comorbidade, mas foi a responsável pelas piores dias da vida dele.

Ao todo foram quatro meses e 22 dias internado. Desde setembro ele lida com as sequelas da doença.

Fábio, como é chamado, já reaprendeu a mastigar, engolir e sentar. Atualmente faz sessões de fisioterapia cinco vezes na semana e tem um novo objetivo: voltar a andar.

“Voltar andar e criar condições para o pulmão se expandir mais, para ter resistência física. Por isso que eu dou esse passo e descanso. Então eu também faço a fisioterapia respiratória”, contou o professor.

Além da luta diária, Fábio está tendo que lidar com a pressão de voltar ao trabalho, mesmo nessas condições. Ele é professor de geografia e sociologia do Colégio da Polícia Militar Diva Portela há 11 anos.

Inicialmente conseguiu a licença médica, mas já teve o pedido de renovação negado pela Junta Médica do Estado três vezes mesmo com um relatório médico que confirme o seu estado de saúde.

“Não sei dizer o porque que se está negando. O meu receio e o meu medo é sair da folha”, disse Fábio.

O professor decidiu compartilhar o que tem passado nas redes sociais e ganhou apoio de colegas de trabalho e alunos da escola.

“Você ver um colega de trabalho passando por essa situação, ver que o colega está tentando sair desse quadro que ele se encontra, gravíssimo, e tendo seus direitos negados por conta de uma Junta Médica que não quer nem ao menos recebe-lo”, afirmou a professora Soemia Argibay.

“Ter que pensar que não vai receber [o salário], viver só com ajuda dos próprios colegas, para comprar fralda, para comprar outras coisas. Então a gente está se mobilizando, a direção, o MTE juntamente, para que se sensibilize a Junta Médica, para que receba Fábio e que ele possa ser visto”, pediu Junara Machado.

Professor com sequelas da Covid-19 tem pedido de licença negado e pode ter salário cortado — Foto: Reprodução/TV Subaé

Professor com sequelas da Covid-19 tem pedido de licença negado e pode ter salário cortado — Foto: Reprodução/TV Subaé

O Estado solicitou que Fábio retornasse ao trabalho na sexta-feira (11). Segundo o professor, esse seria o maior desejo dele, que sente saudade da sala de aula, mas só conseguiria fazer o que ama se estivesse 100% bem.

“Eu amo o que faço, amo estar no ambiente escolar, a escola é minha vida, é o meu trabalho. A gente passa muito mais tempo no trabalho do que em casa, então eu quero estar próximo da minha função como professor, mas eu quero estar 100% para eles”, desabafou Fábio.

“Exercer a minha profissão de forma digna, principalmente porque eu trabalho em escola pública e voltar é o meu desejo. Voltar 100% e fazer o meu trabalho como sempre fiz com excelência e qualidade”.

A Junta Médica do Estado informou que concedeu no ano passado duas licenças de 120 dias para o professor, de agosto a dezembro.

O órgão ainda disse que foram recepcionados em fevereiro deste ano, dois pedidos para renovação dos dois pedidos de renovação do benefício, para os quais são exigidos exames complementares atuais, necessários para comprovação do estado clínico do servidor.

Segundo a Junta Médica, como esses exames não foram apresentados, houve a negativa do benefício. No entanto, mesmo assim, o órgão já sinalizou a Secretaria Educação (SEC) a disponibilidade para atendimento prioritário ao professor nos próximos dias, em data e horários a serem combinados.

Informações: G1

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