Vale a pena comprar celular usado? Veja dicas e cuidados

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Comprar um celular novo ficou mais caro. Os preços de aparelhos novos subiram, em média, 16% em entre janeiro e outubro de 2021 na comparação com o mesmo período do ano passado, de acordo com dados da consultoria GfK.

A alta foi puxada pela desvalorização do real, a escassez de chips na indústria e o aumento do valor dos fretes internacionais. Nesse cenário, os smartphones usados são uma alternativa. Veja abaixo dicas para fazer um bom negócio:

  • Prefira negociar em lugar público (ou escolha uma loja de usados)
  • Procedência do aparelho
  • Bateria é importante
  • Teste portas, microfone, câmera e chip
  • Estética
  • Cuidado com aparelhos muito antigos
  • Pesquise bem o preço
  • Direitos após compra
  1. Prefira negociar em lugar público (ou escolha uma loja de usados)

Existem muitas ofertas de celulares usados em sites de classificados ou grupos de redes sociais, boa parte de vendedores bem-intencionados. Mesmo assim, é preciso ficar atento aos golpes: um estudo da OLX com a AllowMe identificou que 70% das fraudes no mercado digital envolveram produtos eletrônicos.

Por isso, desconfie de preços extremamente baixos e evite fazer compras totalmente on-line com perfis desconhecidos ou sem reputação nas plataformas. Caso compre com um vendedor particular, prefira fechar o negócio em um lugar público, movimentado e que você se sinta seguro para mexer no aparelho e fazer alguns testes (veja abaixo o que avaliar na hora de comprar).

Nas plataformas de marketplace (como OLX, MercadoLivre e Facebook Marketplace) se a única opção viável for envio por Correios, utilize as opções de pagamento oferecidas pelo próprio site. Não aceite envios por métodos alternativos, como carros de aplicativo, já que as plataformas não garantem a transação.

“Procure usar o chat da plataforma e não ir para um aplicativo de mensagem – assim, conseguimos dar dicas e o usuário pode fazer denúncias”, recomenda Beatriz Soares, diretora de produto e operações da OLX. Outra opção para quem busca o mercado de usados são as lojas especializadas (também conhecidas como lojas de celulares remanufaturados ou “refurbished”, em inglês).

A vantagem é que o aparelho passa por uma avaliação e em alguns casos por uma manutenção prévia, além de existir uma garantia de 90 dias.

  1. Procedência do aparelho

Ao comprar com um vendedor particular, peça a nota fiscal – é possível recuperar a nota de compras on-line ou pedir uma segunda via para a loja. Pergunte também sobre os acessórios e opte sempre que possível por um modelo que tenha carregador, cabo USB e fone de ouvido originais.

Outra boa ideia é pedir o número do IMEI e fazer uma consulta no site da Anatel para garantir que o modelo não foi bloqueado em caso de roubo ou furto. A forma mais fácil de consultar o IMEI é ligar para o número *#06#. É de graça e o número aparece na tela do telefone. Outra possibilidade é verificar a embalagem do produto ou nos menus de configuração na aba “Sobre”.

Também é importante verificar o código de identificação do modelo do celular, que costuma ser encontrado na traseira, na bateria ou no manual do aparelho. O número também pode ser consultado no site da Anatel, que indica se o aparelho foi homologado no Brasil, o que mostra que ele passou por testes de qualidade e segurança.

Não esqueça de pedir para o dono fazer uma reconfiguração de fábrica (reset) antes de entregar o celular. Isso vai evitar que as contas do Google ou do iCloud (no caso dos iPhones) estejam vinculadas ao aparelho e ele seja bloqueado depois.

  1. Bateria é importante (e pode render um bom desconto)

Ninguém quer ficar na mão e precisar carregar o celular duas ou três vezes por dia. A bateria, entretanto, vai desgastando com o tempo – geralmente, quanto mais velho é o aparelho, menos ela dura. Segundo Guillermo Freire, cofundador da Trocafone, loja com foco em celulares usados, “a bateria é um dos componentes que mais dá problema e para o consumidor é muito difícil perceber e avaliar”.

Mas isso não deve ser um impeditivo para comprar um celular usado. Os iPhones mostram em suas configurações qual é o estado atual da bateria e se ela precisa ser trocada (vá até o aplicativo “Ajustes”, toque em “Geral”, escolha o menu “Bateria” e “Saúde da Bateria”).

No Android, nem sempre é possível fazer essa leitura. Aplicativos como AccuBattery, Battery Monitor ou Battery Guru podem informar o status da bateria, mas a medição geralmente só aparece depois de algumas cargas. É uma boa ideia pedir para o dono do aparelho mostrar essas informações de saúde da bateria (ou você mesmo checar presencialmente). Também vale a pena ligar para uma assistência técnica de sua confiança e fazer o orçamento de uma possível troca – e aproveitar para pechinchar antes de comprar.

  1. Teste portas, microfone, câmera e chip

Ao encontrar com o vendedor, tente fazer o maior número de testes possíveis:
aperte todos os botões e veja se estão funcionando corretamente;
teste a câmera, veja se as fotos não saem com borrões ou manchas;
grave um vídeo curto para testar o microfone (depois assista o vídeo para checar os alto-falantes);
se for possível, teste a porta USB com um carregador portátil, cheque se o aparelho está carregando;
leve um chip para fazer uma ligação e ativar a internet;
se for possível, teste o Wi-Fi.

  1. Estética

O visual do celular vai contar muito para preço – quanto mais bem conservado, maior o valor cobrado. Na hora de fazer a avaliação, diferencie a parte cosmética da parte funcional: telas quebradas ou rachadas podem gerar dor de cabeça, mas um risco superficial pode baratear um aparelho que está funcionando bem, por exemplo.

O mesmo vale para eventuais riscos e amassados na carcaça ou na parte traseira, que nem sempre vão afetar o funcionamento do modelo. Quem tira muitas fotos precisa evitar marcas de uso nas lentes das câmeras. É seguro vender um celular que está com a tela quebrada ou que não permite redefinição?

  1. Cuidado com aparelhos muito antigos

Aparelhos antigos geralmente estão desgastados e podem ter passado por alguma manutenção, como troca de bateria. Além disso, muitos não recebem mais as atualizações de software (um sistema atualizado é importante por questões de segurança). Mesmo com idades mais avançadas, alguns modelos ainda podem ter um bom desempenho, dependendo do uso esperado (especialmente aparelhos que foram topo de linha no ano de lançamento).

Pesquise se ele ainda deve receber atualizações e por quanto tempo a fabricante costuma oferecer esse tipo de suporte. Depois, coloque na balança se vale a pena – pode ser que uma nova troca seja necessária em menos tempo.

  1. Pesquise bem o preço

Os preços no mercado de usados variam muito – o estado geral do celular, a aparência e a pressa do vendedor podem influenciar. A dica de quem já comprou é fazer buscas na internet.

“Para ter ideia de preço, a pessoa pode dar uma olhada em grupos do Facebook, para começar a ter uma noção. Talvez procurar em sites como OLX, Mercado Livre e semelhantes também pra ter uma segunda ideia”, recomenda o editor de vídeos Micael Silva, que teve experiências com compras de usados.

“Nesses sites [de classificados], por causa das comissões que eles cobram, os preços acabam sendo mais altos. Com essas informações, dá para tentar fazer uma média de preço”, afirma Silva, que também recomenda barganhar com o vendedor de acordo com o estado geral do modelo.

“Um aparelho que esteja num estado muito bom ele pode ter um preço maior. Se você aceitar um aparelho um pouco mais visualmente desgastado, dá conseguir um preço menor”.

Beatriz Soares, da OLX, recomenda fazer a pesquisa com calma e evitar vendedores que pressionam e apressam a negociação, alegando que várias outras pessoas estão prestes a fechar o negócio. Preços muito baixos também devem acender o sinal de alerta.

  1. Direitos após compra

Caso o celular usado tenha sido comprado em uma loja, o consumidor tem os mesmos direitos que teria se adquirisse um aparelho novo. O Código de Defesa do Consumidor prevê o direito de se arrepender da compra em até sete dias e de exigir a troca, a devolução do dinheiro ou o abatimento do valor em até 90 dias nos casos de defeito ou não conformidade com o que foi anunciado.

Se o aparelho era de um vendedor particular, a negociação é regulada pelo Código Civil. A lei estabelece que o comprador pode reivindicar o abatimento proporcional no preço se o produto tiver um defeito que não foi informado no momento da compra.

“Todas as avarias têm que ser discriminadas para que, caso o consumidor identifique outro tipo de problema que não estava pré-fixado no contrato, ele possa questionar falando que é um vício oculto que não foi apresentado no momento da venda”, explica Igor Marchetti, advogado do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor.

Fonte: G1

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