‘Turma da Mônica: Lições’ comove ao amadurecer personagens e temas com sensibilidade

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É uma boa ideia levar lenços de papel se for ver “Turma da Mônica: Lições”, que estreia nos cinemas do país nesta quinta-feira (30). A continuação de “Laços” (2019) chega muito perto do antecessor, o melhor filme infantil brasileiro, com uma história mais madura e comovente.

A comparação é um tanto injusta, é verdade. Enquanto o primeiro se aproximava mais de uma aventura, a sequência emociona ao focar nas relações dos personagens criados nos quadrinhos de Mauricio de Sousa.

O diretor Daniel Rezende já havia mostrado o dom raro de conseguir adaptar a turma em carne e osso, com toda a doçura, o humor e a inocência que fizeram das HQs um clássico gigantesco da cultura pop brasileira.

Em “Lições”, ele traz de volta o jovem elenco, agora um pouco mais velho, para provar que acertou em cheio nas escalações dos protagonistas – e que a primeira vez não foi mero golpe de sorte.

Distância que une

Assim como “Laços” se baseava na graphic novel de mesmo nome lançada em 2013 pelos irmãos Lu e Vitor Cafaggi, “Lições” adapta a continuação da obra, de dois anos depois.

E se o desafio de repetir o sucesso do primeiro filme em si já era grande, ela se torna maior ao se considerar que a história original não exibia as mesmas características cinematográficas da anterior.

Quando, após um acidente, os pais da “dona da rua” decidem trocá-la de colégio, os demais também devem encarar seus próprios castigos.

Laura Rauseo, Kevin Vechiatto,  Giulia Benite e Gabriel Moreira em cena de 'Turma da Mônica: Lições' — Foto: Serendipity Inc/Divulgação

Laura Rauseo, Kevin Vechiatto, Giulia Benite e Gabriel Moreira em cena de ‘Turma da Mônica: Lições’ — Foto: Serendipity Inc/Divulgação

O enredo acompanha a rotina de Mônica (Giulia Benite), Cebolinha (Kevin Vechiatto), Cascão (Gabriel Moreira) e Magali (Laura Rauseo) na escola.

A ideia de separar o quarteto pode parecer absurda considerando a força da união mostrada em “Laços”. Mas “Lições” definitivamente não está interessado em caminhos fáceis.

Com a força do talento e do carisma de seus atores, apoiados por mais personagens populares das HQs que estreiam em versões de carne e osso, o filme supera a distância para ensinar que mudanças podem ser assustadoras, em especial nessa idade, mas que também são oportunidades para crescer.

Laís Vilella e Giulia Benite em 'Turma da Mônica: Lições' — Foto: Serendipity Inc/Divulgação

Laís Vilella e Giulia Benite em ‘Turma da Mônica: Lições’ — Foto: Serendipity Inc/Divulgação

E, se a divisão do foco parece uma decisão arriscada, ela dá a cada um dos protagonistas a chance de mostrar sua própria evolução como intérpretes.

Todos estão ótimos mais uma vez, mas seria injusto não destacar a atuação de Giulia. Agora com 13 anos, a jovem demonstra um crescimento notável como a grande base emocional de “Lições”.

Nem toda lágrima é tristeza

Se a primeira produção levava os fãs em uma aventura emocionante por um mundo desconhecido, a sequência apresenta uma jornada mais interior, de amadurecimento, aceitação e, por que não?, laços de amizade que podem superar qualquer coisa.

Vinícius Higo e Augusto Madeira em cena de 'Turma da Mônica: Lições' — Foto:  Serendipity Inc/Divulgação

Vinícius Higo e Augusto Madeira em cena de ‘Turma da Mônica: Lições’ — Foto: Serendipity Inc/Divulgação

Isso não quer dizer, no entanto, que a continuação perdeu o tom universal que fez de seu antecessor um grande sucesso.

Enquanto crianças e jovens de qualquer idade devem se divertir com as confusões da turma e seus novos amigos – destaque para o Do Contra (Vinícius Higo), com algumas das melhores cenas –, até o pai mais amargo dificilmente não se lembrará da infância. Ou, pelo menos, apreciará a nostalgia da época em que lia os quadrinhos.

Por essas e outras, fica mais uma vez o alerta. Leve lenços de papel. E fique para a surpresa da cena pós-créditos.

Tina (Isabelle Drummond) e Rolo (Gustavo Merighi) em cena de 'Turma da Mônica: Lições' — Foto: Serendipity Inc/Divulgação

Tina (Isabelle Drummond) e Rolo (Gustavo Merighi) em cena de ‘Turma da Mônica: Lições’ — Foto: Serendipity Inc/Divulgação

Após anos tão difíceis, nos quais a separação dos protagonistas ganhou novos ecos no isolamento social provocado pela pandemia, as lágrimas inevitáveis podem oferecer uma merecida lavagem de alma.

E, se ficar um pouco de tristeza que seja porque esta aventura terminou, basta lembrar que ainda há uma terceira graphic novel esperando para ganhar vida.

Lucas Infante e Kevin Vechiatto em 'Turma da Mônica: Lições' — Foto: Serendipity Inc/Divulgação

Lucas Infante e Kevin Vechiatto em ‘Turma da Mônica: Lições’ — Foto: Serendipity Inc/Divulgação

Informações: G1

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