Surdez pode levar à demência, afirma especialista

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Não se trata apenas do desconforto de ouvir pouco ou quase nada. Alterações na acuidade auditiva estão relacionadas ao declínio cognitivo, o que pode acelerar o avanço do processo de demência, como explica o otorrinolaringologista Geraldo Augusto Gomes: “a frequência dos estímulos que recebemos é da maior importância. Portanto, quando estamos privados de parte desses estímulos por um período prolongado, certamente haverá uma perda cognitiva. Imaginemos um homem jovem, de 30 anos, que tenha tido uma meningite e perdido a audição. Se ele não procurar ajuda, depois de alguns anos não estará mais falando, porque o simples fato de não ouvir resultará no comprometimento da fala. Ou seja, a riqueza do aprendizado contínuo também se aplica ao idoso. A carência do estímulo auditivo pleno agrava a degeneração natural da idade e afeta a cognição, que funciona como uma rede que combina sistemas de diversas naturezas”.

 O primeiro passo é reconhecer a necessidade de procurar um especialista, embora muitas pessoas aleguem que continuam ouvindo bem. Nos Estados Unidos, 70% dos idosos sofrem de perda auditiva atrelada à idade. De modo geral, são alterações relacionadas a uma entidade clínica chamada presbiacusia. No Brasil, estima-se que 15 milhões enfrentem o problema, sendo que 12 milhões têm mais que 65 anos. O médico brinca que os pacientes que chegam em seu consultório se dividem em dois grupos: os da “confissão” e os da “acusação”. “Aqueles que estão no grupo da confissão reconhecem que não ouvem bem, que já não conseguem atender ao telefone e tampouco são capazes de se comunicar em ambientes com ruído. E há os que estão no grupo que chamo da acusação, quando são os familiares que insistem na consulta, alegando que o idoso tem se isolado ou não atende quando chamado”, relata.

 Atualmente a tecnologia possibilita um leque bem maior de opções: além de diferentes tipos de próteses, o implante pode ser uma solução quando a perda auditiva é profunda. A surdez não se dá apenas devido à idade, mas também pela exposição ao ruído, por trauma físico ou utilização de medicamentos. Um problema de fácil solução é o excesso de cera nos ouvidos, que os médicos chamam de rolha de cerume. Segundo o doutor Geraldo Augusto Gomes, a cera pode ser comparada à saliva, porque lubrifica e protege: “portanto, dentro do canal auditivo, não constitui falta de higiene e só deve ser retirada quando está visível, na parte externa, lembrando que nunca se deve utilizar objetos para manipular o canal do ouvido, como grampos ou tampas de caneta. Se houver grande quantidade de cera, ela pode obstruir a audição e terá que ser removida no consultório, com o equipamento adequado”, finaliza.

Foto | Reprodução/Bem Estar

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