Secretário de Política Econômica diz que os índices de emprego estão favoráveis em 2021

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O secretário de Política Econômica do Ministério da Economia, Adolfo Sachsida, afirmou nesta sexta-feira (8) que a melhora nos índices de emprego está bem encaminhada em 2021. Ele diz que a evolução nos índices ocorrerá com a reabertura das atividades no setor de serviços, embora reconheça que o primeiro trimestre ainda será difícil.

“À medida que o setor de serviços retorna, você vai ter a retomada de emprego nesses setores [informais]. Acredito que vamos ver ao longo de 2021 aumento nas taxas de ocupação, então o emprego me parece bem encaminhado”, disse em live promovida pelo site Jota.

A recente escalada nos casos de Covid-19 e a espera pela vacinação em massa ainda geram dúvidas sobre a retomada da atividade econômica, principalmente no setor de serviços. Os números de infecção das últimas semanas forçaram o governo de São Paulo, por exemplo, a anunciar novas medidas de restrição nesta sexta em três regiões.

“Acredito que o primeiro trimestre será um pouco difícil para a economia brasileira ainda, mas ao longo do semestre os resultados vão continuar a aparecer”, afirmou Sachsida, que prevê crescimento acima de 3% para o PIB (Produto Interno Bruto) em 2021.

Dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostram que o desemprego bateu novo recorde em novembro, atingindo 14 milhões de brasileiros. A taxa de desocupação chegou a 14,2%, o maior percentual da série histórica da Pnad Covid, pesquisa iniciada em maio para mensurar os efeitos da pandemia no país.

Especialistas dizem que o número de desocupados aumenta à medida que o auxílio emergencial pago pelo Tesouro Nacional chega ao fim e mais pessoas procuram trabalho, pressionando os números.

Sachsida foi relembrado durante a transmissão sobre uma previsão feita por ele em novembro de que a possibilidade de uma nova onda de Covid no país seria baixíssima, quando o país já registrava novo crescimento nos números de infecção. Nesta sexta, ele reconheceu que errou ao falar sobre o assunto.

“Queria me desculpar. Não deveria me pronunciar sobre segunda onda, não é área da SPE [Secretaria de Política Econômica], é uma questão epidemiológica, e não faz sentido eu me pronunciar sobre isso. Foi um erro meu”, afirmou nesta sexta.

A declaração de novembro usava como base um artigo de três integrantes de sua equipe consideravam que vários estados do Brasil já estavam próximos a 20% de pessoas infectadas, e por isso estariam alcançando uma imunidade de rebanho –tese questionada por cientistas, principalmente porque o percentual necessário para a imunidade da Covid-19 é incerto.

Para o secretário, a economia do país em 2021 será determinada por emprego, crédito e consolidação fiscal. Nos dois primeiros casos, ele vê boas perspectivas.

Para o crédito, ele citou como exemplo estimativas apontadas na edição de dezembro da Pesquisa Febraban (Federação Brasileira de Bancos) de Economia Bancária, que projeta crescimento de 7% em 2021. “Estamos seguros que o crédito segue sua expansão”, afirmou Sachsida.

Para ele, o grande desafio de 2021 será o cenário das contas públicas. “É por isso que nosso governo está sendo tão duro na consolidação fiscal, é ela que vai dar a certeza de que os investimentos vão continuar vindo ao Brasil e [de que haverá] consistência no crescimento econômico”, afirma ele, que considera essa a grande tarefa para o ano.

Sachsida disse que sinais do comprometimento do governo com o tema seriam o encerramento das medidas anticrise em dezembro de 2020, como o auxílio emergencial, e até mesmo a frase recente do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) dizendo que não poderia mexer no Imposto de Renda porque o país estaria quebrado (embora o mandatário tenha ignorado possíveis iniciativas para compensar a medida).

“Todos os programas que o governo federal tomou para a pandemia terminaram em dezembro de 2020. Demos uma tremenda mostra de responsabilidade fiscal e cumprimos com a nossa palavra de encerrar os programas em 2020, e efetivamente todos foram encerrados”, disse.

O secretário aproveitou para reafirmar sua visão de que manter despesas públicas elevadas, e programas como o auxílio emergencial, acabaria prejudicando a vida dos mais pobres.

“Em países onde a relação entre dívida e PIB é muito elevada, você tem evidências na literatura de que, se o governo gastar muito, em vez de ajudar a população ele piora. Por quê? A inflação aumenta, aumentam os juros, diminui o investimento, diminui PIB, aumenta desemprego. Inflação e desemprego são os maiores inimigos da população mais pobre”, disse.

Ele defendeu a PEC (proposta de emenda à Constituição) Emergencial, que revê despesas públicas, como prioridade para a consolidação fiscal. A proposta foi encaminhada por Guedes ao Congresso em novembro de 2019 e está há meses sob relatoria do senador Marcio Bittar (MDB-AC), que ainda não apresentou uma versão formal citando dificuldades como o calendário eleitoral (período em que fez campanha para aliados no Acre).

Na agenda de produtividade, Sachsida defendeu a abertura econômica, os marcos legais, a modernização do setor elétrico, privatizações, concessões, avanço nas PPPs (parcerias público-privadas), além da legislação para o regime de autorização em ferrovias.

Estadão

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