Rodrigo Pandolfo sobre sucesso de casal gay em ‘VS2’: “Os caras se pegam e o feedback tem sido ótimo”

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Rodrigo Pandolfo – que ganhou notoriedade nacional como Juliano, filho de Dona Hermínia (Paulo Gustavo) nos filmes da trilogia Minha Mãe é uma Peça – se encantou pela arte muito cedo. “O bicho da arte me picou primeiro com a música. Comecei a tocar teclado com sete anos e me dediquei fortemente até os 13, quando assisti à uma peça do grupo de teatro da minha escola e fiquei encantado. Nesse dia, decidi que seria ator. Com 15 anos, me mudei para o Rio e comecei a estudar teatro. Fiz duas faculdades de Artes Dramáticas e comecei a trabalhar imediatamente com publicidade e teatro. A televisão e o cinema vieram alguns anos depois”, explica o ator, de 37 anos.

Atualmente, Rodrigo vive o dealer Benji em Verdades Secretas 2, disponível no Globoplay. Para compor o papel, o ator fez um mergulho interior. “O Benji foi surgindo de todos os lados, primeiro de fora para dentro, depois de dentro para fora. Como era um personagem distante da minha realidade, foi preciso experimentar um novo corpo, uma nova densidade. Mas logo entendi que todas as características físicas deveriam ser resultado de um trabalho interno, ou seja, era preciso pensar como o Benji, respirar como o Benji, sentir como o Benji. E assim foi aparecendo uma personalidade bem específica”, avalia.

CENAS QUENTES

Rodrigo comemora a ótima repercussão das cenas quentes entre Benji e Bruno (João Vitor Silva). “O João Vitor foi um parceiro de cena incrível, nos conectamos muito rapidamente. Já no primeiro ensaio conseguimos quebrar qualquer barreira que pudesse ser um empecilho e partimos para um jogo limpo, claro, respeitoso, em que a confiança e a amizade sempre estiveram presentes do início ao fim”, elogia.

Para o ator, foi muito importante normalizar o romance do casal. “A união homoafetiva não é novidade para ninguém. Sempre existiu desde os primórdios da humanidade. O que acontece é que ela foi castrada e abominada pelas instituições religiosas de forma cruel, injusta e insana. Hoje, algumas dessas instituições reconhecem o tamanho do erro, mas crescemos com uma educação tão machista que nem mesmo conseguimos entender a dimensão do estrago na vida de milhares de pessoas que continuam não conseguindo viver a sua liberdade. E não há nada mais triste do que enterrar a nossa verdade. É desumano. Esse juízo de valor foi um dos maiores pecados da humanidade. Assim como o racismo. O preconceito jamais deveria ter sido uma questão humana”, argumenta.

Rodrigo conta que tem ficado muito feliz com o retorno do público. “Os caras se pegam e o feedback tem sido ótimo. Não tem absolutamente nenhuma questão negativa quanto a isso. Ou essa situação já está sendo normalizada para todo mundo ou o meu mundo está bem melhor que o mundo de todo mundo”, avalia, tentando se definir em relação à sexualidade: “Acredito que somos habitados pelas polaridades feminina e masculina e que nosso desejo age de acordo com o desequilíbrio natural dessas forças. E esse equilíbrio/desequilíbrio é mutável. Ou seja, rótulo é uma farsa. Há muito tempo eu abri algumas perspectivas e me libertei do julgamento alheio em relação à sexualidade”.

Solteiro, Rodrigo afirma não ter problemas em comentar sobre suas relações publicamente quando está comprometido. “Embora eu seja um cara discreto, não tenho muitas questões em expor a minha vida pessoal. Aí vai depender de quem eu me relacionar”, entrega, rindo.

Benji (Rodrigo Pandolfo) e Bruno (João Vitor Silva) se beijam dentro do carro (Foto: Reprodução/Globoplay)

Benji (Rodrigo Pandolfo) e Bruno (João Vitor Silva) se beijam dentro do carro (Foto: Reprodução/Globoplay)

 
Rodrigo Pandolfo e João Vitor Silva (Foto: Reprodução/Instagram )

Rodrigo Pandolfo e João Vitor Silva (Foto: Reprodução/Instagram )

INESQUECÍVEIS

Com dezenas de produções na TV, no cinema e no teatro, Rodrigo acredita que o papel que mais o desafiou foi João Carlos Martins, no filme João, o Maestro (2017). “O João é um gênio e tocava piano como um toureiro indomável, em uma velocidade sobre-humana. Ali precisei me tornar um atleta da arte de fingir tocar piano para c*ralho (risos). Foram horas e horas de preparação para cada cena ao piano”, recorda. “O filme me fez um bem danado: me tornei um grandessíssimo fingidor. Fingi ser o gênio das teclas em grande estilo. É um trabalho que me orgulha demais”, acrescenta.

Minha Mãe é uma Peça é outro marco na carreira do ator, que teve de aprender a lidar com a visibilidade e o reconhecimento profissional depois dos três filmes. “No início eu tive medo de perder uma parcela de liberdade, depois entendi que a liberdade está dentro da gente e que o público não vai me morder, só quer um carinho, um abraço…”, diz, sem deixar de mencionar Paulo Gustavo, que morreu em maio deste ano, após complicações da Covid-19. “Tenho a sensação de que já tenho 85 anos e carrego uma lembrança mágica e emocionante de um cara que marcou a minha história de forma única e inesquecível”.

Rodrigo lembra que conhecia o Paulo desde a época da escola de teatro. “Éramos de turmas diferentes, mas nos cruzávamos sempre pelos carredores, escadarias, salas de ensaio. Nós  acompanhamos a carreira um do outro desde o início e construímos uma relação de muito respeito e carinho. Sinto falta dele todo: da voz, do olhar, da gargalhada, da presença, da energia, do humor, da luz. Sinto falta de tudo”, diz.

Rodrigo Pandolfo  (Foto: Reprodução/Instagram )

Rodrigo Pandolfo (Foto: Reprodução/Instagram )

AVENTURA ALUCINANTE

Durante a pandemia do novo coronavírus, Rodrigo se viu angustiado em alguns momentos. “Mesmo considerando a minha pandemia a melhor possível, diante do caos que estava o mundo, ainda assim, senti medo, tristeza, pânico, frustração e muita insegurança. O que me ajudou muito foi meditar e entrar em contato com a natureza, além do exercício físico”, afirma

Rodrigo teve, contudo, a oportunidade de viver uma experiência em família. “Eu tive a imensa sorte de ser alçado para o interior do nordeste no início da pandemia e aqui fiquei, como se tivesse sido abduzido até o mundo voltar ao normal. A pandemia me pegou de um jeito diferente. Fui morar com a minha mãe em um lugar totalmente inédito para os dois (Tibau do Sul, no RN) e decidimos abrir um restaurante pé na areia: a Barraca Pandoka. Ou seja, uma aventura alucinante (risos). Mas em janeiro irei para São Paulo dirigir o espetáculo ‘ALASKA’, que tem estreia prevista para março. E ainda estou retomando outros dois projetos como ator, também no teatro”, conta.

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