“Quando estudei não tinha merenda e me formei”; Fala do Prefeito em relação a falta de merenda escolar e não retorno das aulas municipais revolta professores e pais de alunos

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As aulas municipais de Feira de Santana estavam programadas para retorno na ultima segunda-feira (21), porém não foi o caso. Pais e alunos, ao se dirigirem para diversas escolas de ensino fundamental do município, se depararam com as portas fechadas, e foram obrigados a voltarem para casa. O motivo? Falta de merenda escolar, equipamentos como, cadeiras e mesas, estrutura precária, reformas inacabadas, algumas escolas até sem reforma nenhuma, e falta de professores e funcionários.

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Questionado pelo ocorrido, em entrevista, Colbert culpabilizou os professores pelo não retorno das aulas. “O que precisa para se ter aula? Professor e aluno. Tendo os dois as aulas retornam. Os professores estão protestando contra oque? Contra os alunos?”, disse. Em outro momento, perguntado pelo radialista Jorge Bianchi se tinha procedência a informação de que não tinha merenda escolar nas escolas municipais, o prefeito Colbert Martins (MDB) respondeu: “Quando eu fui estudante do Ginásio Municipal não tinha merenda escolar nenhuma e eu consegui me formar em Medicina”, contou. Colbert finalizou informando que as aulas retornariam a normalidade na quarta-feira (23), o que não ocorreu.

A fala considerada infeliz pelos representantes da classe dos professores da cidade, também revoltou alguns pais e mães de alunos, que junto ao Sindicato dos Professores de Feira a APLB, foram a Câmara Municipal na manhã desta quarta-feira (23), criticar as palavras do Governo Municipal, e reivindicar seus direitos, como o reajuste salarial da categoria, pagamento dos valores devidos, convocação dos concursados, melhoria das condições de trabalho, entre outras.

A presidente da APLB Feira, professora Marlede Oliveira explica que os professores em nada tem culpa pelo não retorno das aulas. “Nós professores não temos culpa nenhuma pelo não retorno das aulas, a classe esta em estado de greve, mas não quer dizer greve ainda, é apenas o alerta de que se nada melhorar, se Colbert não se abrir ao dialogo, nó poderemos entrar em greve. No dia 21 as aulas iriam retornar normalmente, e em algumas escolas retornaram, porém em varias outras está faltando merenda, material, equipamento, carteira, funcionário, reformas que ficaram mal acabadas, outras que nem por reforma passaram. e o Prefeito vem dizer que a culpa é nossa? A culpa é do caos que está a educação de Feira, e a responsabilidade é do gestor do município”, explica.

Marlede também questiona a fala do Prefeito sobre a falta de merenda escolar, e diz que foi infeliz e equivocada. “O Sr. Colbert Martins Filho, era filho de medico, Colbert pai era odontólogo, e foi Prefeito. Aposto que ele nunca precisou estudar com fome, com certeza suas condições eram muito melhores que a de alunos que conhecemos, que a unica refeição que conseguem ter é a dada pela escola, o direito a merenda escolar é sagrado, não se tem como aprender estando com fome. A fala do Prefeito é de extrema insensibilidade, no minimo infeliz e equivocada, e no máximo, desumana”, expõe.

A professora Elisangela, que também estava presente na Casa da Cidadania conta que a falta de professores não é por não quererem trabalhar e sim por uma necessidade de vagas serem ocupadas na educação. “Não está faltando professor porque não queremos trabalhar, fomos trabalhar. Falta preencher as mais de 500 vagas que estão em aberto, aguardando a convocação dos concursados de 2018, e outros do REDA recente, tem estagiário que etá cumprindo carga horário de professor para suprir a necessidade da vaga”, conta.

Sobre a falta de merenda escolar e equipamentos, Elisangela conta que já precisou custear material para poder dar aula, pois o Município não fornece o suficiente, e a merenda quando tem é escassa. “Na escola que trabalho estava sem merenda, veio chegar ontem, porem só chegou açúcar e mingau, e em uma quantidade que só da pra no máximo uma semana, a unidade tem mais de 600 alunos, é para as crianças viverem só disso? De coisas doces? Não tem um arroz, um feijão, carne, como se faz uma refeição nutritiva para essas crianças assim? Sem falar dos equipamentos e materiais, muitas vezes já tive que tirar do meu bolso para poder dar aula”, denuncia.

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