Professor doutor da USP, que atuou em Feira nos anos 80, retorna a cidade para lançar livro

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Com fotografias feitas ainda na era da câmara analógica e todo um “trabalho artesanal por detrás”, foi lançado em Feira de Santana o livro “Festa do Bonfim”, do renomado fotógrafo e professor doutor da Universidade de São Paulo (USP), Atílio Avancini. O evento atraiu intelectuais, artistas e pesquisadores ao Museu de Arte Contemporânea, na quarta-feira, 23.

Avancini é considerado um nome de grande influência para Feira de Santana desde que ministrou, na década de 80, cursos de fotografia artística, motivando vários profissionais locais a iniciar a carreira. Durante o evento, o autor falou sobre as relações da fotografia e a tradicional e centenária Festa do Bonfim, abordando alguns aspectos históricos do festejo que se destaca como um dos mais representativos na Bahia.

Belas imagens da Festa do Bonfim, tradicional evento de início de ano, em Salvador, em preto e  branco, encantaram o público presente. Conforme o autor, é um trabalho que “busca a cena espontânea, a imagem não posada, saindo portanto do cliché do foto jornalismo”. A imprensa, diz ele, sempre trabalha com “uma coisa muito estereotipada”. Ele acrescenta: “eu diria que é o olhar do artesão, mais do que o artista. A palavra artista tem estado muito gasta nestes tempos”.

Pós doutor pela Universidade Sorbonne Nouvellle Paris 3, na França, Autor dos livros “Entre Gueixas e Samurais” (Edusp/Imprensa Oficial, 2008) e “Atílio Avancini – coleção artistas da USP n. 15” (Edusp, 2006), Avancini já realizou exposições fotográficas no MIS, MASP e Pinacoteca do Estado de São Paulo. “Fico muito grato porque eu sou professor da USP e os alunos elegeram como um dos livros prediletos deles. Então, isso me deixou muito orgulhoso”.

“O objetivo desse livro é resgatar a cultura baiana, a essência dessa cultura afro que temos, sendo que o povo é o grande personagem, é um registro ao acaso da fé do povo brasileiro, feito a partir das raízes da Bahia e eu tinha o dever de trazer esse filho de volta ao lar; por isso, foi importante lançar esse trabalho em Salvador e em Feira de Santana”, diz ele.

O momento não é muito favorável para lançamento de obra literária, afirma Atílio Avancini, “porque hoje qualquer pessoa faz um livro, como qualquer um fotografa”. Mas ele entende que, “em toda obra, o tempo é que vai dar o seu valor, vai julga-la”. Então, assinala: “eu aguardo esse julgamento. Fiz da forma mais inteira e honesta possível”.

A fotografia, com a entrada da câmara digital, se tornou muito democrática, “por outro lado, muito banal”. Essas fotos, ele diz, foram feitas ainda com câmara analógica, quando não existia o digital. “Elas têm todo um trabalho artesanal por detrás, um trabalho que busca a cena espontânea, a imagem não posada, saindo portanto do cliché do foto jornalismo. Imprensa sempre trabalha com uma coisa muito estereotipada.

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