Pesquisa feita na Bahia afasta possibilidade de surto do vírus zika nos próximos anos

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A Bahia e demais locais onde houve grande incidência de infestação pelo vírus zika nos anos de 2015 e 2016 não devem ter surtos nos próximos anos. É o que aponta uma pesquisa do Laboratório de Pesquisa em Infectologia (Lapi) da Universidade Federal da Bahia (Ufba), divulgada no último dia 14 de novembro.

O coordenador da pesquisa é o professor de Infectologia da Faculdade de Medicina, Carlos Brites. Ele explica que isso deve ocorrer por conta da imunidade garantida por boa parte da população que foi atingida pelo surto dos anos de 2015 e 2016.

“Boa parte da população ficou imune e a possibilidade de ter novos casos é estrita. Um novo surto só pode ocorrer quando houver massa disponível para infeção de novo, mas o mais provável é que tenham casos isolados. Esse ano praticamente não tivemos casos, que foram esporádicos”, afirmou.

A análise revelou um mapa da incidência do vírus em Salvador, com prevalência em 63% da população. Os dados foram levantados em parte do ano de 2015, no ano de 2016 e parte de 2017 – antes, durante e depois do surto de zika.

Conforme a Secretaria da Saúde da Bahia (Sesab), em 2015, em foram notificados 66.203 casos de zica em todo o estado. Salvador concentrou o maior número de notificações. Em 2016, foram 57.189 casos de zica na Bahia, também com maior concentração na capital. Já em 2017, quando o Ministério da Saúde declarou o fim da emergência em saúde pública por zica e microcefalia, foram 2.504, o que representa uma queda bastante significativa no número de casos da doenças no estado.

Na pesquisa feita pela Ufba, foram 633 pessoas analisadas, entre elas 19 mulheres grávidas com bebês com microcefalia, 257 com bebês saudáveis, 540 pacientes com AIDS e 55 pacientes com tuberculose, todos pacientes do Hospital Universitário Professor Edgard Santos (Hupes) e 39 funcionários saudáveis da Ufba.

O estudo foi resultado do trabalho de um grupo de 23 pesquisadores da Ufba, em colaboração com cientistas das universidades de Bonn, Heildelberg e do Instituto de Saúde de Berlim, todas na Alemanha, da Escola Francesa de Saúde Pública, em Marseille, na França e da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres, na Inglaterra.

O mapa também demonstrou que a incidência de Zika associado com microcefalia é maior em áreas com piores condições socioeconômicas, o que indica que a prevenção do zika deve começar nessas populações. A pesquisa ainda propõe a realização de novas pesquisas focadas em microcefalia e outras doenças congênitas, para entender melhor sua relação com a infecção pelo vírus zika.

| G1

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