Pai de envenenados: “Revolta e culpa por me envolver com um monstro”

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O pai dos dois jovens que teriam sido envenenados pela madrasta, no Rio de Janeiro, falou sobre o caso. À reportagem de O Globo Adeilson Cabral disse sentir revolta e culpa por ter se envolvido com Cíntia Mariano , 49 anos. “As pessoas podem pensar que eu tenho algum envolvimento no envenenamento dos meus filhos, mas não tenho. A Cíntia Mariano, minha esposa e acusada de envenená-los, não demonstrava que faria isso. Fico com um sentimento de revolta e culpa por me envolver com um monstro”, assinalou.

Adeilson contou que se relacionava com Cíntia há quatro anos e, durante a pandemia, se casaram. Disse ainda que sempre foi um pai presente e tinha uma vida normal de casal. “Com meus filhos, nunca tinha percebido ela demonstrar ciúmes, mas com a minha ex-mulher, sim. Agora, olhando para trás, lembro que o Bruno se desentendeu algumas vezes e relatou algumas coisas estranhas, como o sumiço da carteira. E ela uma vez apagou uma conversa minha com ele no WhatsApp”, ressaltou.

Ele afirmou que conheceu Cíntia quando ela fazia o transporte escolar do filho, Bruno, que hoje tem 16 anos. A madrasta é suspeita de envenenar o adolescente e a irmã dele, Fernanda, de 22 anos, que não resistiu e acabou morrendo. O garoto chegou a ser internado com os mesmos sintomas da jovem, mas conseguiu sobreviver.

“Não tinha bola de cristal. Até briguei com Deus, perguntei a Ele por que tirou a minha filha. Mas não foi Deus. Foi quem estava do meu lado. Infelizmente, eu não sabia. Se você convivesse com ela, não perceberia. Ela acolheu 38 crianças em um projeto de mãe acolhedora da prefeitura. Não tem como entender o que passou pela cabeça”, disse Adeilson.

Entenda o caso
Bruno começou a passar mal depois que Cíntia serviu o almoço para ele, no último dia 15. À Polícia Civil do Rio de Janeiro um dos filhos de Cíntia contou que a mãe brigou com uma de suas irmãs por ela ter tentado pegar comida no prato de Bruno. A mulher está presa. Investigadores apuram se ela matou também o ex-companheiro e uma vizinha, que perderam a vida de repente.

Segundo o depoimento, em nenhum momento ela se sentou à mesa com a família, ficou o tempo todo na cozinha preparando a comida. A madrasta serviu apenas o prato do enteado, com bife e batata separados. Carla, a filha, tentou pegar a refeição no prato do garoto, e Cíntia teria brigado e ordenado para a menina não mexer no alimento de Bruno

Fernanda, a irmã de Bruno, morreu em 27 de março, 13 dias após se alimentar na casa da madrasta e do pai. Nas redes sociais, a mulher demonstrava amor pelos enteados. No período em que Fernanda lutava pela vida no hospital, Cíntia foi às redes sociais e postou um vídeo com uma música gospel e uma foto com a enteada. “Você vai vencer! Eu creio”, dizia a legenda da publicação.

No dia 29 de março, Cíntia postou foto com a música Estrelinha, de Marília Mendonça. Um trecho da canção diz: “Quando bater a saudade, olhe aqui pra cima. Sabe lá no céu, aquela estrelinha, que eu muitas vezes mostrei pra você? Hoje é minha morada; a minha casinha”.

A madrasta, que tentou se matar depois que as suspeitas vieram à tona, foi presa na sexta-feira (20/5), acusada de homicídio qualificado contra a enteada. Nesse fim de semana, a Justiça a manteve presa. A defesa diz que a mulher não confessou os crimes.

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