Olha a onça! Vídeos flagram onças-pretas caminhando perto do DF

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As câmeras do projeto Brasília é o Bicho revelam os passos de onças-pintadas melânicas, popularmente conhecidas como onças-pretas, em Planaltina (GO), ao lado do Distrito Federal, dentro Área de Proteção Ambiental (APA) do Planalto Central. Estes animais raros correm risco de extinção.

Formado por biólogos, o grupo divulgou imagens do macho Barranqueiro e da fêmea Planaltina. A onça-preta pertence a mesma espécie da onça-pintada. A coloração distinta é resultado de uma mutação genética. “São raridades”, resume Rands Zebalos, de 40 anos, membro do grupo de proteção a animais.

O projeto acompanha o Barranqueiro desde 2016. “Ele era um jovem. Tinha outro macho urbano na região, mas ele sumiu. Depois fizemos o flagrante dele com Planaltina. Posteriormente, ela apareceu com um filhote solto. A gente acredita que eles copularam”, conta Zebalos.

Segundo o grupo, o filhote já deixou a mãe há aproximadamente seis meses e deve ter procurado outra região para ser seu território. A onça-preta é um grande felino, os machos podem alcançar dois metros de comprimento e peso de 120 quilos. Cada animal possui um padrão único de pintas, servindo como um tipo de impressão digital.

O projeto tem poucas câmeras, mas elas estão posicionadas em locais onde os animais passam frequentemente. “O sentimento é sempre de satisfação. Conseguimos ver que esses animais ainda persistem, apesar de toda pressão e da caça. Continuam vivendo. É uma emoção muito grande”, comemora o biólogo.

Com as imagens, o grupo espera fortalecer a bandeira da preservação. “As pessoas não vão preservar aquilo que não conhecem”, explica. A região dos flagrantes não é reservada exclusivamente para a preservação. “Quem sabe os órgãos competentes não transformem ela em corredor ecológico ou uma Unidade de Conservação”, completa.

Segundo Zebalos, a pressão por perda de habitat é a principal ameaça contra as onças-pretas. “Fora os costumes rudimentares. Porque as pessoas ainda costumam caçá-las. Hás vezes por suspeita que elas tenham atacado alguma animal de estimação ou criação, outras porque elas simplesmente passaram perto de suas casas”, comenta.


“Mas a gente tem tanto medo da onça, quanto ela tem da gente. Se uma onça vê um ser humano, ela foge para o mato, ela evita o contato”, argumenta. A eventual extinção da espécie pode causar sérios problemas ambientais, a exemplo da superpopulação de outras espécies.

“A onça-pintada é um animal de topo de cadeia alimentar. Elas controla tudo que está abaixo dela. Sem predadores, as populações de outros animais aumentam, gerando desequilíbrio ecológico no habitat. Em Brasília a gente está tendo uma superpopulação de capivaras porque não têm mais predadores”, aponta.

Por isso, a onça é um indicador de qualidade ambiental, trata-se de uma animal “guarda-chuva” para a cadeia alimentar. As câmeras do grupo também registraram outros animais silvestres, como onça-parda, sussuarana, jaguatirica, tamanduá, cachorro-do-mato e o cachorro-vinagre.

O projeto Brasília é o Bicho não é uma ONG. O grupo trabalha com recursos próprios. Os biólogos promovem curso para angariar fundos. Quem quiser acompanhar o trabalho ou apoiar pode segui-los pelas redes sociais, no InstagramFacebook e Youtube.

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