‘O mundo precisa do poder da mulher’, diz brasileira Julia Gama, 2ª colocada no Miss Universo

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Dois dias antes de completar 28 anos, a porto-alegrense Julia Weissheimer Werlang Gama foi coroada como a segunda colocada no maior concurso de beleza do mundo, atrás da mexicana Andrea Meza.

Dona da melhor colocação que uma concorrente brasileira atinge desde 2007, Julia comemora a conquista e afirma que o concurso segue relevante mesmo com quase 70 anos de existência.

“A mulher ainda é um potencial pouco explorado no mundo, e o nosso papel é lembrar da mulher, do poder dela, e do quanto o mundo precisa do poder da mulher”, afirma, em entrevista ao G1, no dia seguinte ao concurso, ainda de Miami.

Filha de uma porto-alegrense e um carioca, Julia chegou a cursar Engenharia Química na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) antes de investir nos concursos de beleza e na carreira artística, incentivada por amigos. Durante três anos, morou na China, onde fez trabalhos como atriz, atuando em chinês em dois filmes.

“Eu quero investir na minha carreira de atriz no Brasil e na América Latina, atuar em espanhol, é o que eu quero, o que eu amo fazer”, diz.

No ano passado, foi eleita Miss Brasil, que pela primeira vez não realizou o tradicional desfile, devido à pandemia. Ela voltou a morar em São Paulo para se preparar para o Miss Universo.

Julia Gama, segunda colocada no Miss Universo — Foto: Reprodução Instagram/juliawgama

Julia Gama, segunda colocada no Miss Universo — Foto: Reprodução Instagram/juliawgama

Julia participou de uma organização completamente nova para o evento, em função da pandemia. Por isso, sua família não pôde acompanhá-la aos Estados Unidos, onde o concurso foi realizado.

Antes de chegar, cumpriu quarentena de 11 dias e realizou quatro testes para atestar que não estava com Covid. Segundo Julia, as candidatas e a equipe ficavam isolados, tinham a temperatura monitorada e respondiam a questionário de saúde diariamente. No show, o número de convidados foi reduzido e todos passaram por testes.

“Isso nos mostra que mesmo que a gente ainda vá demorar a superar 100% a pandemia, a gente começa a encontrar caminhos de restabelecer as nossas vidas com segurança e voltar às práticas importantes para nós como eventos, entretenimento e outras atividades”, afirma Julia, que vai aproveitar que está nos Estados Unidos e se vacinar nos próximos dias.

‘Concurso vai muito além da beleza’

A 69ª coroada como segundo lugar no Miss Universo celebrou a diversidade do concurso e a presença de mulheres latinas entre as primeiras colocações neste ano.

“O concurso vai muito além da beleza estética. Como a gente pôde ver no palco, tinha a diversidade da beleza ali representada, diversos tipos de beleza. Foi o momento de reunir o mundo inteiro. Ainda estamos em pandemia, mas foi o primeiro grande evento que reuniu 74 países compartilhando suas experiências, suas forças pra gente poder ainda passar por esse momento tão delicado”, afirma.

Ela entende que o concurso ainda é uma plataforma para amplificar a defesa de causas importantes.

“O que a gente quer é inspirar todas as mulheres do mundo a sentirem esse poder que elas tem dentro delas e usar ele”, reconhece.

Julia é embaixadora internacional da defesa dos direitos das pessoas com hanseníase. “Só faz sentido pra mim se eu usar esse título pra ajudar essas pessoas e no Brasil. Quero continuar apoiando a causa da hanseníase, acredito que é possível a gente erradicar a hanseníase do Brasil”.

Discurso sobre depressão

No palco do evento, Julia foi aplaudida ao falar sobre a importância de conversar sobre depressão e ansiedade. “É o statement, um discurso que você dá sobre um tema. Eles [a organização] passaram uns 10 temas na semana, e a gente tinha que se preparar”, explica.

O assunto sorteado para ele foi saúde mental. Julia comenta que tem uma “conexão” com o assunto. “Com 11 anos fui diagnosticada com depressão. Tive que tomar medicação por muitos anos, fazer terapia, lidar com ansiedade. Tive que aprender a lidar com essas questões, entender como ela se manifesta na minha vida se eu não estiver me cuidando de maneira correta”.

Com seu discurso, ela espera incentivar o diálogo sobre o tema. “Muitas pessoas têm vergonha de falar sobre isso. Eu sei que não sou menos porque eu passei por essas situações na minha vida. Isso não me faz menos potente, menos capaz, menos merecedora, e menos forte”, garante.

O retorno para o Brasil está programado para o próximo dia 20. “Fico em São Paulo e Rio de Janeiro e assim que tiver um tempinho, volto pra Porto Alegre. Quero comer churrasco, tomar chimarrão e andar a cavalo”.

Informações: G1

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