Mulher, preta, baixa escolaridade: o retrato do desemprego no Brasil

“Eu espero que possa melhorar, e que eu possa conseguir um emprego, que eu possa criar meus filhos pelo menos com dignidade. E espero que tudo se resolva o mais rápido”.
 

Aline Santos, 31 anos, está desempregada há um ano e dois meses. Perdeu o emprego pouco antes da chegada da Covid ao Brasil – e não conseguiu voltar ao trabalho até agora. Aline, empregada doméstica, é o retrato do desemprego no Brasil, que afeta desproporcionalmente mulheres, pretos e pardos, e com baixa escolaridade.

Dados do IBGE mostraram que o desemprego bateu recorde em 20 estados do país no ano passado. Mais da metade dos 13,9 milhões de brasileiros sem trabalho eram do sexo feminino; seis em cada dez (60,0%) se autodeclaravam pretos ou pardos; cerca de 1/3 (35,3%) tinha entre 14 e 24 anos; e quatro em cada dez (40,6%) tinha até o ensino médio incompleto ou equivalente.

E para trabalhadoras como Aline, a dificuldade em se recolocar é ainda maior. Mãe de dois filhos, ela enfrentas barreiras do preconceito e da falta de oportunidade de ter tido uma educação melhor.

“Eu já passei por muitas situações de preconceito e eu acho que isso é o que atrapalha um pouco também de a gente conseguir um emprego”, conta. “Já fui fazer entrevista, chega lá e a pessoa olha para mim e diz que não é o perfil que está procurando, então eu acho que isso aí também tem um pouco do preconceito”.

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