Mercado de produtos eróticos atrai evangélicos

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“Realiza seus sonhos. Pergunte-me como” — é o que se lê na camiseta vermelha de Mônica Alves, 45. Quem “pergunta como”, no caso, são mulheres evangélicas em busca das novidades que ela traz numa bolsa com 18 letrinhas bordadas no canto: “A Sós – Vocês Podem Tudo”.

Mônica já foi revendedora de produtos da Avon e da Natura. Hoje, a adepta da igreja Renascer sai da casa em São Bernardo do Campo (SP) carregada com 6 kg de itens bem diferentes, que vão de calcinhas comestíveis de chocolate (alguns maridos degustam com uísque) ao kit “50 Tons de Prazer”, com chicote, vela e venda.

O censo do IBGE aponta que, entre 2000 e 2010, a porcentagem de evangélicos na população subiu de 15% para 22% (de 26 para 42 milhões de pessoas).

Em um ponto, consultoras e clientela são unânimes: o mercado erótico gospel é restrito às mulheres.

Os campeões de vendas são produtos mais “leves”. Entre eles, gel lubrificante (“importante porque muitas são reprimidas sexualmente e não têm lubrificação”) e óleos perfumados (“elas gostam porque melhora o sexo oral”).

Já as vendas de vibradores são mais raras. Diferente do público convencional, os religiosos preferem modelos não realistas, em formato de borboleta, polvo ou ursinhos.

Os vídeos do pastor Cláudio Duarte, 45, da Igreja Batista, falando sobre sexo fazem sucesso na internet. É dele o livro “Sexualidade Sem Censura”, publicado pela Central Gospel, editora do amigo Silas Malafaia. Para Cláudio, “a rotina é um assassino do relacionamento sexual, um ‘brochante’ terrível”.

Contra isso, ele aconselha seus seguidores: para cativar seu público fiel (o cônjuge), trate de armar “um bom espetáculo”. “Vai inovando, como o Cirque du Soleil”.

Esse circo, contudo, pega fogo nas congregações evangélicas. Cláudio, certa vez, falou de sexo durante um culto na igreja. No fim da pregação, surgiu o questionamento.

“Uma senhora disse que eu não deveria tratar daqueles assuntos porque lá é local santo. Perguntei se tinha falado alguma mentira. Ela disse que falei verdades que não deveriam ser ditas.”

E os evangélicos têm um apetite gospel considerável nos livros: a média de leitura dos fiéis é de 7,1 obras por ano, estima a entidade Sepal (Servindo aos Pastores e Líderes), enquanto a nacional não passa de 4,7.

Vendido na Feira Literária Cristã, em junho, “Celebração do Sexo”, do americano Douglas Rosenau, declara a que veio na dedicatória: “Obrigado, Senhor, pelo gozo íntimo e pela união calorosa do companheirismo sexual”.

Descrito como um guia para o “presente de Deus no casamento: o prazer sexual”, o livro traz ilustrações de posições sexuais e um capítulo inteiramente dedicado ao sexo feito “sem tirar a roupa”.

O autor, que se identifica como terapeuta sexual cristão, não economiza adjetivos em sua tese. Para Rosenau, a “diversão erótica” entre companheiros vestidos é “um prelúdio amoroso sutil, penetrante, espontâneo, eletrizante e sensual”. Fonte: Redação com informações do Guia Sexo Especial da Folha de S.Paulo.

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