Lula lança pré-candidatura após conflitos internos e desgaste com falas

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O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lança sua chapa com o ex-governador Geraldo Alckmin (PSB) neste sábado ​(7), após um período de declarações desastradas, divergências na coordenação de campanha e em meio a rusgas internas.

Idealizada pelos organizadores, a imagem de Lula e Alckmin em destaque, diante de apoiadores de diferentes partidos, não vai se concretizar. Ao lado de bandeiras do Brasil, fotos dos dois serão expostas no centro de convenções em São Paulo preparado para a oficialização da campanha.

Alckmin, no entanto, deverá participar apenas virtualmente após ter recebido o diagnóstico de Covid-19 nesta sexta (6). Apresentando sintomas leves da doença, ele deverá falar ao vivo, em um telão.

O ato deste final de semana foi pensado para oficializar a frente ampla que Lula tenta construir e cujo mote será “vamos juntos pelo Brasil”.

O slogan irá incorporar as cores verde e amarela da bandeira brasileira —sem deixar de lado o vermelho, tradicionalmente associado ao PT. E a expectativa entre pessoas ligadas à pré-campanha é que o ato deixe para trás essa fase de instabilidade.

Organizadores afirmam que o ato deverá reunir 4.000 pessoas. Desse número, 2.000 convites seriam do estado de São Paulo, 1.000 para representantes de movimentos sociais, populares e sindicais, e o restante para os partidos aliados, autoridades, artistas e intelectuais.

A chef Bela Gil e o músico Paulo Miklos serão os apresentadores do evento. A sambista Teresa Cristina deverá cantar o hino nacional.

O evento é planejado no detalhe para evitar eventuais erros. Só Lula e Alckmin vão discursar. Na ocasião, o petista lerá um pronunciamento que vem sendo preparado há semanas.

Lula —que tem sido criticado pelos deslizes cometidos em improvisos—, vai ler um discurso que traz como foco o combate à pobreza e a promessa de união nacional para reconstrução do Brasil.

Segundo aliados, o ex-presidente defenderá o legado petista e, ao falar de sua prisão, dirá que não guarda ódio nem rancor.

A crise econômica e a fome serão apontadas como mazelas enfrentadas pelo brasileiro, em contraposição ao seu governo.

O pronunciamento de Lula abordará a alta de preços e o endividamento da população. A defesa da soberania nacional também estará presente em seu discurso.

Ele ainda irá pregar o tom de esperança e não focará só conquistas do passado. O ex-presidente já tratou desses temas em falas anteriores.

Antes de seu discurso, telas dispostas no centro de convenções exibirão cenas que retratam a crise econômica. O jingle da campanha presidencial de 1989 será cantado durante o ato.

Dirigentes de outros partidos manifestaram preocupação a integrantes do PT com deslizes em falas do ex-presidente nas últimas semanas

Os equívocos são apontados por aliados de Lula como resultado de falta de rumo na comunicação da pré-campanha.

Nas últimas semanas, o petista tem dado declarações polêmicas e, após a repercussão, recuado delas. No início de abril, o ex-presidente afirmou que o aborto deveria ser um “direito de todo mundo”.

No dia seguinte, o petista tentou contornar as declarações, se posicionou pessoalmente contra o aborto e defendeu o tratamento para mulheres que realizarem o procedimento na rede pública de saúde.

Depois, no final do mês, Lula criticava a postura de Bolsonaro em relação às vítimas da Covid quando diferenciou gente de policiais. O presidente da República tem nas forças de segurança um de seus principais temas de campanha.

Na véspera do lançamento formal da campanha, Lula deu fim a uma incerteza que, há duas semanas, consumia seus apoiadores ao definir os coordenadores de comunicação de sua campanha.

Disposto a apagar a ideia de desestruturação, Lula escolheu o deputado federal Rui Falcão (SP) e o prefeito de Araraquara, Edinho Silva, para a coordenação de comunicação.

Informações; Folhapress

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