Itens essenciais no consumo das famílias acumulam alta muito acima da inflação nos últimos 12 meses

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Itens essenciais no consumo das famílias acumulam alta muito acima da inflação nos últimos 12 meses.

A inflação está mudando um velho hábito dos consumidores. Para o Ênio e para a Edilaine, levar uma lista de compras para o supermercado já não faz muito sentido.

“Pode até chegar com uma lista, mas você vai sair e nem a metade dela você conseguiu”, afirma a agente administrativo Edilaine Barbosa.

Nos corredores de comida, o óleo de soja subiu 84% em 12 meses. O tomate, 43%. Arroz, carnes e açúcar tiveram aumentos de mais de 30%; feijão preto, 19%; leite longa vida, 11%; macarrão, 10% mais caro.

“Antes eu comprava para quase um mês, e agora é para menos de 15 dias”, conta a auxiliar de escritório Norma Pires.

E ainda tem que cozinhar com botijão custando 29% a mais. A energia elétrica, outro banho de água fria. Na hora de abastecer, o etanol ficou 57% mais caro. Gasolina e diesel, mais de 30%.

Sempre que a inflação sobe, a gente pode substituir um item por outro mais barato, consumir menos. Mas como fazer isso com tantos produtos e serviços básicos aumentando ao mesmo tempo? Dessa vez, está bem mais difícil para gente se defender da inflação.

Na casa da microempresária Renata Faria, a conta de luz de setembro já chegou, mas ela ainda não conseguiu pagar a de agosto.

“Sempre pago a que está vencida e deixo a outra, e nós vamos fazendo assim”, conta.

E olha que ela economiza. Só lava roupas uma vez por semana e não acende luz à toa.

“Nem uso mais o micro-ondas. Está lá encostadinho, não dá mais”, diz.

Ela não faz mais bolo para economizar o gás. E o gasto com gasolina só teve um jeito de resolver.

“A gasolina subiu muito, não dá para ter um carro. Precisei vender. Está subindo tudo”, afirma Renata.

Economistas acreditam que, com o relaxamento das restrições, outros preços vão começar a subir.

“As pessoas vão começar a ir em restaurantes, a ir em hotel, a viajar, a ir ao cinema, ao teatro. Esses preços, que estavam muito tempo sem ser mexidos, vão ser reajustados para as novas condições da economia. Então a inflação vai chegar no setor de serviços”, analisa Marcelo Kfoury, professor de economia da FGV-SP.

Além disso, alguns aumentos vão se espalhando pela economia. Os preços de combustíveis afetam o transporte público, o frete. A mesma coisa com a energia elétrica.

“Todos os bens e serviços podem sofrer aumentos com essa tarifa mais cara. Então, um serviço simples, como um corte de cabelo, o cabeleireiro gasta energia elétrica, pelo cortador de cabelo, isso ele vai ter de repassar em algum momento”, explica Michael Viriato, professor de finanças/Casa do Investidor.

A inflação alta deve continuar desafiando o orçamento. “Minha renda despencou muito. Eu tenho agora que aprender a viver com a a minha nova renda, que é muito pouco”, disse Renata.

Informações: JN

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